quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

espectador

vê-la assim tão esplendorosa
vê-la assim tão bela e tão perto...
não sei se tudo aquilo que fui já foi o bastante
não sei se aquilo que fiz se fez real
mas fitar seus olhos assim...
adimirar seus cabelos desarrumados...
não sei se é possível
não sei se é favorável
não sei.
estava como sempre desejei
desejei em meu mais restrito íntimo desejo
estava tão bela
tão simples
não era aquela que se pode ver superficialmente
a sua beleza
era bela
muito além daquilo que os olhos podem ver
além daquilo que os sonhos podem alcançar
que a imaginação poderia criar
havia em você uma coisa de alma
uma coisa que vai além da explicação das palavras
além da explicação da razão
uma coisa assim...
uma coisa meio que indescritível
impossível
poderia ter lhe desenhado em pensamentos
lhe lapidado em devaneios
mas nenhuma das hipóteses poderia ser tão perfeita
sua beleza pura
sua sutileza leviana
seu caminhar de sonhos
era tudo que estes olhos de sonhador poderiam querer ter visto
de fato o que vi não era nada que tivesse de extraordinário
mas aquilo que me fez sentir
aquilo que me fez sonhar
aquilo que me fez imaginar
aquilo, aquela coisa vivida
aquela sim, indescrítivel
aquela foi uma das experiencias mais marcantes desta onda
desta vida de marés
desta balançada vida
não poderia ter criado coisa parecida
penso que há algo de mistério
dá uma vontade de descobrir
de desvendar
mas um medo de não ter mais com o que sonhar
deixo assim como está
uma inesgotável fonte de inspiração
nunca consumida, nunca tocada
deixo o devaneio se fazer por pura fonte de prazer
que aquilo que se vive se  torne única razão para deixar
deixar tudo como está
que o prazer gerado pela possibilidade
seja maior que a concretude da conquista do que se quer
que se deseja
não pude ter
fiquei com a leve e simples lembrança
o que me bastou por hora
deixo assim
mas não negarei a vontade de prosseguir
de finalizar
mas que seja assim por enquanto
que seja
e tudo se caminha com passos lentos e cegos
enquanto aquela luz não se fizer brilhar para mim
enquanto não a tiver em meus braços
fico assim
um espectador de coisas extraordinárias

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

terra

a terra nunca para
mesmo imovel ela se dispara
a terra nunca descança
para qualquer um, um motivo de esperança
a terra segue em frente
sob o sol escaldante
faz brotar a semente

a terra nunca tem folga
lhe entopem de adubo para ver se lhe empolga
as terras vermelhas paulistas
precisam fazer da cana suas unhas postiças
a terra solo fértil
precisa ser a todo tempo util

sobre as terras do interior de cá
um tapere verde se faz brotar
das florestas que tomou o lugar
um chão automático sem razão
faz se de um tudo para a produção

estou passando com meu automóvel
observando a cana imóvel
como cresce sem meu cuidar
faço dela fumaça ao acelerar
escraviso o solo do meu estado
para poder cruza-lo sentado

não vejo razão para tanta plantação
mas não deixo de prestar a atenção
em minha aceleração
reclamo da devastação
mas ainda uso o carro para comprar o pão
na padaria da esquina no João

tempo

estranho é o tempo
ele passa sem que ninguém perceba
ele passa até que alguém se espante
e conte nos dedos o tempo que passou

já passaram horas desde a hora passada
nem parece e já é madrugada
o dia parece estar amanhecendo antes do tempo
as horas ainda me faltam

queria fazer tanta coisa
mas o tempo, o tempo correu demasiadamente
quando pensei já era dezembro
pelo menos o proximo será janeiro

pensar que janeiro passado parece ter sido ontem
e ontem ainda era dezembro...
agora é dezembro que vem depois de janeiro
mas que por ventura é antes de janeiro

o tempo está passando
sem que eu perceba
quando vejo já estou com a barba comprida
quando vejo já anoiteceu

anoiteceu e não vi a tarte
não contemplei o sol poente
não vislumbrei as ondas do mar
o canto dos pássaros

não quero viver só de passado
nem só de futuro
desejo apenas viver
viver aquilo que se há para viver

janeiros e dezembros
primeveras e outonos
verões e invernos
nascimento e luto

o passado é inevitável
o futuro também
e o presente...
o presente é o que temos pra hoje.


domingo, 25 de novembro de 2012

momentos

ela fecha os olhos para sentir o vento
sentir o vento remexendo seus cabelos
num instante se entrega para aquilo que não vê
passa a mão pela nuca...
reclina seu pescoço para tras
morde os lábios inferiores
quem sabe o que ela pensa?
será que há espaço para o pensamento?
ou será que ela apenas sente?

seus cabelos ganham vida própria
tornam-se calda de cometa
estrela cadente
mas ainda é tarde
tarde quente de verão
ela ainda sente o vento
ainda escuta a música da natureza
ela ainda pode desfrutar de alguns momentos
momentos particulares
íntimos
em uma plenitude descompromissada
sem ensaios

ela se despede de seu objeto de desejo
se despede da tarde
abraça a noite
a lua cheia
mas agora vai ao encontro do comum
segue sua mesmice
sem notar o valor daquele instante
instante agora passado
segue sua vida cotidiana

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

onírica



 


nesta noite elaborei um sonho
um sonho lindo, mas passageiro
o despertar interrompeu a eternidade
a minha felicidade estava ali
meus olhos fechados
a cabeça sobre o travesseiro
e meus pensamentos...
meus pensamentos nas maravilhas
um fantástico mundo
uma eternidade sem começo nem fim
quero lhe dizer
que neste mundo de coisas lindas
de coisas minhas
você estava lá
toda onírica
aconchegada em meus braços
num verde gramado
à sombra de um flamboiã
toda paz
toda beleza
você em meus braços
seus cabelos sobre meu peito
minhas mãos acariciando sua barriga
seu rosto colado no meu
nenhuma palavra
apenas nossas almas e aquele momento
um abraço forte
um beijo em seu pescoço
um sussuro ao pé do seu ouvido
mesmo sendo eu dizendo
mesmo sendo eu o compositor
elaborador
não pude ouvir o que eu mesmo disse
quem sabe algo que aqui
aqui na realidade
deveria lhe dizer pessoalmente
naquela paz
naquele momento
de contemplação do que está
meu abraço em torno do seu
suas costas em meu coração
seu rosto emparelhado ao meu
nossos olhos fehados
o som do vento nas folhas pequeninas
daquela grande árvore
as flores precipitando
com total destreza divina
aquele momento puro
despertei como um louco renegado
e agora acordado
lembrando do sonho
da onírica
do afeto
da paz
dos cabelos
do rosto
e de nossos corações

passatempo


 


estou matando meu tempo
matando a mim mesmo
numa fulga deste mundo
me prevaleço no invisível
não estou concreto
não sou mais correto

estou fugindo de mim mesmo
me disfarço
crio máscaras
mas há em mim
algo de mim mesmo

a cada instante me faleço
a todo momento me refaço
me coloco entre parênteses
às vezes
em fotografias
me congelo
em imagem

crio marcas na areia
vom em busca do sol poente
caminhando para a morte
mais um dia eu encerro

já morri inúmeras vezes
já persegui muitos sonhos
desisti de muitos deles
conquistei outros tantos

estou matando o tempo
mas o tempo nunca morre

sábado, 3 de novembro de 2012

estelares


naquela noite clara de angústia
seus olhos brilharam em minha direção
como faróis que guiam os náufragos
os mares de labirintos
se tornaram tapetes luminosos
toda a incerteza
toda negação de mim mesmo
modificou prontamente
a abundância de pensamentos
a nova vida
se tornou tão clara como um dia de verão
se tornou real
aquele olhar olhando o meu
que antes via nada
aquele olhar
agora atravessa minha alma penosa
meus olhos vislumbram sua face
face da nova possibilidade
me impõe um prosseguir
um encontro comigo mesmo
seus olhos me foram a saída
um momento em que perdido
em que me afundava no que não estava
seus olhos estelares
ocultaram toda minha impossibilidade
me trouxeram a terra firme
me flutuaram no mais denso ar
me suspenderam em pensamentos
seus olhos estelares
me apontaram a direção
me guiaram em meio a escuridão
seus olhos estelares

observador

 

o rosto dela se debruça sobre o livro
o vento movimenta seus cabelos
num balançar instigante
se concentra em seu instante
suas costas devidamente eretas
em postura possivelmente correta
sucumbe meus desejos
o vento que sopra o movimento
o dançar de seus cabelos
é o mesmo vento
que acolhe meus olhos solitários
como uma mágica
a vida se confunde com um todo
um bocejar
a chuva noite adentro
se condençam em um único momento
a morena sentada à mesa
a franja a balançar com o vento
as páginas de seu livro arredio
seu rosto, meu arrepio
o sono a atinge
seus instantes se tornam mais leves
a sua beleza
torna meus instantes mais concretos
ela ainda está lá
sentada, atenta
nem percebe que alguém a observa
que alguém a contempla
a vigia
a decifra
seus passos tiram ela de mim
se vai sem se despedir
sem um aceno
sem um olhar
me deixa só
sem o que vislumbrar
sem o que escrever
sem o que pensar
sem chances
sem romances
apenas com um poema.

reminiscência

 


você ainda surge em meus sonhos
você se foi
mas é só fechar os meus olhos
que entro em devaneios
nos momentos em que estou fora de mim
te encontro em meus trajetos
a cada passo descompassado
cada caminho errado
você está lá
entre todas as outras
entre tantas possibilidades
você ainda está em mim
você ainda está aqui

já fugi de tantos lugares
evitei tantos pensamentos
coroei tantos devaneios
coloquei em xeque meus próprios ideais
mas você ressurge como cólera

meus suspiros no meio da noite
meus pesadelos acordado
ainda fujo da sua lembrança
tento abandonar parte de mim
e quando penso que existe uma superação
seus olhos me puxam novamente
volto a reafirmar o que quero negar
desejar o que quero negligenciar
você renasce dentro de mim

domingo, 21 de outubro de 2012

corações

 


estou desenhando corações
imaginando cada traço colorido
fico costurando imagens vans em meus conflitos

estou observando cada coração em sua blusa
cada pedacinho de reflexões
viajando para dentro
vislumbrando o que há de fora

estou passando o tempo contando seus corações
um... dois... três...
me perco e começo de novo

não sei mas...
esses corações...
me parecem tão confusos
me fazem ficar confuso
mas são belos

corações de cores variadas
cores tantas que imagino
que nem me lembro que eram apenas cor de mel
ou eram vermelhos?

para cada coração um par de sonhos
sonhos aos montes
para cada coração um pedacinho de esperança
uma pequena estória de aventura

estou tentando decifrar cada coração
cada figura que meus olhos veem
cada pedaço que posso imaginar
um passo para desvendar mistérios

e tudo se refaz
tudo se desfaz
termina
e começa de novo
num simples emaranhado...
de corações


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

preparação

estou em busca daqueles olhos
olhos grandes de magia
olhos de mistérios
estou caminhando sobre meus proprios vacilos
estou vencendo meus proprios medos
serei eu um errante?
um cigano sem dono?
um poeta vadio?
estou vagando...

estou parado pensando em romances
esquemas de conquistas
palavras de aproximação
alguma possibilidade...
quando lhe encontrar
quando me aproximar
não terá como escapar

e se eu não for o cara certo?
e se eu lhe machucar?
é um risco
não posso deixar de viver
não posso negligenciar o que sinto
eu quero você
e se daqui a pouco
percebermos que já não somos mais
que nunca fomos quem pensamos ser
se não mais nos encontrarmos em nós
se dixarmos de ser um casal
acredito que terá sido bom

deixar de viver aquilo que esá proposto
já não é mais uma opção para mim
estou aqui
caminhando numa insistente jornada
rumo ao seu coração
rumo a sua presença
e quando chegar...
quando chegar
você saberá que estarei de corpo inteiro
que estarei presente
de corpo e alma
de pensamento e espirito
estarei ali
com toda a certeza daquele presente
toda minha vida daquele instante
eu e meus versos
eu e meus sonhos
eu e meu violão
estarei contigo

espero que tenha coragem
coragem de arriscar no que não há
uma possibilidade quase crua
me dê a sua mão
caçaremos aventuras
buscaremos novos horizontes
viveremos novos sonhos
e quando tudo acabar
teremos a certeza que a história nunca acaba
o fim é apenas um recomeço
um inicio de uma nova tragetória

tinta

a esfera da caneta percorre...
deslisa sobre a superfície branca do papel
deixa um rastro azul
deixa meus sonhos
minhas ilusões
faz uma representação
daqueles, destes meus devaneios
transforma em símbolos
esta minha abstração
torna possível esta composição

traços e marcas
pensamentos e suposições
um egocentrismo
um tornar material
visual.
marcas de tinta
essenciais para minha reconstrução
minha explanação
minha exposição

azul no branco
branco no azul
branco que não há
azul que não faz sentido
azul ainda escondido
azul possível
azul construído
branco permanente
visto este dilema
de transformação do estático
correndo o risco
a impossíbilidade de voltar atrás
de renegar o já escrito
preso em minhas palavras
palavras coladas pela tinta

uma cartase
uma ferida exposta
ilusões presas no limite do branco
livres nos limites da imaginação
incontrolável interpretação
um risco...
não ser decodificado
uma possibilidade nua
um risco indeletável

como quem foge de seus demônios
uma fulga incessante do proprio íntimo
daquilo que existe em si
escrevo palavras aos montes
uma energia que precisa ir
se tornar material de alguma forma
uma porta aberta

a caneta ainda discorre sonhos
um pedaço de materialidade
realidade
deformidade
a caneta ainda risca símbolos ilusórios
a mente não cessa
o pensamento não para
a tinta não acaba
o branco não se tinge por inteiro
mas o poema...
o poeta chega ao fim.

inacabado


Sou aquele que faz história

Um alguém histórico

Histórico?

Criador de sua própria historia

Criado por sua própria historia

Inventor de muitas estórias

Um alguém ilusório

Um alguém concreto

Um vir-a-ser

Um ser-aí

 

Sou passado e futuro

Sou tudo

Sou presente

Aquele que se vê

Aquele que se via

Aquele que se verá

Sou aquele que não é este

Sou este que era aquele

 

Desenterro dinossauros todos os dias

Viajo para marte todos os dias

Me teletransporto

Me transbordo

Me recluso

Me exponho

 

Numa eternidade de agoras

Um agora eterno

Um ser eterno

Com fim eterno

Com começo eterno

 

Sou aquele que não é

Sou aquele que não será

Sou aquele que não foi

Quem sou eu?

Eu e mais nada

-eu-

 

Sou um vislumbre do futuro...

Sou as marcas do passado...

Sou um ser inacabado

domingo, 30 de setembro de 2012

cavanhaque


neste dia quente lhe vejo como sempre
seu vestido vermelho
seus cabelos ao vento
linda e reluzente
mas algo entre nós
um ponto sombrio como o desconhecido
um desentendimento
fica linda quando está brava comigo
está brava pois me odeia
e odeia porque me ama
sei exatamente como transformar
modificar esse ódio
e você já espera por meus atos
sabe que te vejo linda neste momento
sabe que suspender seus cabelos...
é um capricho seu.
que remexe com minhas pulsões mais íntimas
se revolta sempre que deixo o cavanhaque
sei que não gosta da barba em meu queixo
aliás...
sei que é por isso que me odeia agora
uma simples navalha resolveria tudo
mas gosto de lhe afrontar
sabe que quando levanta estes cabelos
sabe que a nuca exposta
sabe que este pescoço...
sabe o quanto me enlouquece
a única coisa que eu sei
e que você finge não saber
que ignora, por joguinho de sedução
é que minha barba por fazer
meu cavanhaque
te bota louca
quando sente meu queixo espinho
minha barba por fazer
roçando em seu pescoço
em seu colo...
suas pernas...
suas costas...
Quero ouvir você dizer que me odeia
quando sentir meu cavanhaque em sua nuca
navegando em seu corpo
Quero ouvir dizer que me odeia
quando deixar de senti-lo
e esperando meu próximo ato
aguardando meus movimentos
desejando meu cavanhaque
quero ouvir dizer que me odeia.
quando tremula lhe sussurrar em seu ouvido
coisas que ainda nem posso compreender
seu ódio vai virar desejo
seu desejo só se realizará
quando meu cavanhaque lhe tocar

terça-feira, 25 de setembro de 2012

sinais

procuro sua face em meio à multidão
alguma forma de espantar a solidão
busco entre tantas pessoas
aquela que me faz pensar em coisas boas
como que por um destino
a causadora do meu desatino
surge como um anjo caído
aquela que me colocou uma flecha de cupido
me vê e disfarça toda delicada
reluzente e misterioza feito fada
faz de tudo para esconder
mas seu corpo dá sinais daquilo que queria saber
olha para todos, mas fixa seu olhar apenas em mim
olhos nos olhos que parecem nunca terem fim
um sorriso de canto discreto
para mim um sinal mais que direto
suas sobrancelhas se suspendem
me pergunto o que pretendem
um bico em seus lábios
meus pensamentos ficam pálidos
seus olhos se espremem
meus pensamentos sem mais, tremem
nossos olhos se desprendem
meus pensamentos se estendem
me coloco em infinitos devaneios
se seus sinais são realmente verdadeiros
talvez não fosse mais que um blefe malogrado
me gerando um falso agrado
quem sabe uma simples confusão
ou uma possível conclusão.

domingo, 23 de setembro de 2012

se

Ah morena
se você fosse minha pequena
teria eu alegria plena
se tivesse seus olhos
se conhecesse seus sonhos
se tivesse algum ponto
ponto pra associar livremente
se aceitasse um presente
se resolvesse estar presente
se tivesse a coragem
de falar a bobagem
que pensei nesta tarde
este seu sorriso...
esta sua maquiagem...
que me prenderam
quando estava de passagem
seus cabelos em cachos
lindamene pendurados
esta armação quase grossa
em seu nariz delicadamente disposta
as sobrancelhas como ondas
que não permitem que me esconda
este seu jeito de mulher moça
tão madura...
tão menina...
se pudesse assoprar suas buchechas
se pudesse beijar seus lábios
se fosse capaz
capaz de roubar seu sorriso
mas que fosse meu só por um instante
pois todo pássaro deve ter liberdade
para não perder sua beleza
o SE é o que me dá a possibilidade
o SE é a porta aberta
o SE é o que lhe permite decidir
decidir meu futuro
o SE me coloca frente à frente
frente à frente à chance de acontecer

sábado, 22 de setembro de 2012

sorveteiro

o termómetro na parede marca
trinta e oito graus de calor
os segundos passam e a temperatura aumenta
o quarto sufoca o pensamento
um at qualquer para expandir o que se encontra preso
na garagem a ver os carros passando
branco, prata, azul, asteróide...
o tédio seria pouco
nada que possa gerar alguma coisa
nenhum elemento sublime
escuto o som dos escapamentos
subindo pelas ladeiras
buzinas enfurecidas
correm feito histéricas
os carros já não me interessam mais
pessoas passam
bonés, óculos escuros, shorts e bermudas
o calor se evidência nas pessoas
o sol parece queimar o asfalto
meu pensamento se perde...
visualizo miragens
imagino aquilo que não está lá
praias e marés
montanhas e vales
viajo como um desbravador
buscando novas experiências
quem não tem o que olhar
precisa inventar
me torno um viajante em pensamentos...
um som diferente quebra a frequência
um assobio...
um apito com vários tons
agudo, grave
grave, agudo
de lá de longe se aproxima
uma caixa, sobre duas rodas
um homem, um boné e um apito
sorvete
sorvete e calor
nada melhor para espantar o tédio
picolés
água colorida congelada
morango, uva, limão, leite condençado, sonhos...
sonhos por favor!
quem sabe uma inspiração gelada?
gelada num dia quente
o sorveteiro trouxe o que faltava
o que me faltava
uma razão para escrever estas linhas
para não dizer que fiz apenas por fazer
o apito volta novamente às ruas
se distancia aos poucos
o sorveteiro vai embora
deixa o frescor do sovete
deia uma porção de sonhos
deixa um simples motivo
algo para tornar real
o sorveteiro semeia esperança
sorrisos e alegrias
o sorveteiro passa
e por onde passa
deixa seu rastro de palitos
lembranças de bons momentos
ele compartilha a alegria
água colorida congelada

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

bancos




sete bancos
brancos, pouco opacos.
quatro homens esperando sentados
esperando solitários
esperamos as rainhas dos nossos dias
o esperar nos causa agonia
o tempo passa, a gente não se cansa
a cada passo uma esperança
as musas, de um a um, vão chegando
dos bancos os homens vão se despedindo
quatro, três, dois, um
já não tenho com eles nada em comum
a dona dos meus versos não chega
estou em uma esperança cega
sei que ela não virá
mas continuo à esperar
vejo todos os outros passando
continuo lhe aguardando...

domingo, 16 de setembro de 2012

descrição

olhos grandes
sobrancelhas finas
saia rodada, cigana
pés perfeitos
andar de sonhos
lindos dedos
toques enlouquecedores
boca carnuda
lábios de miragem
camisa vermelha
decote...
pescoço fino
nuca de desejos
seios fartos
conforto desejoso
batom cor de rosa
cores de menina
brincos de argolas
orelhas pra mordiscar
cintura aconchegante
feita para dançar
quadril largo
me coloco a devanear
laço em flor no cabelo
quase me esqueço de mim mesmo
pulseiras no braço
nariz pequeno
levemente arrebitado
sorriso lindo
aquele que me traz a paz
voz insinuante
que incendeia meu peito
por esses pontos
meu pensamento não cessa...

domingo, 9 de setembro de 2012

deveria

talvez eu não devesse pensar tanto
deixar a vida ser deste seu modo torto
parar de pensar que tudo tem de ser perfeito
que nada daquilo que é não tenha defeitos

deveria não deixar o passado pesar em mim
deveria dar importância ao nada enfim
deveria não buscar somente o que acho certo
mesmo que me parecesse aquilo mais perto

gostaria de viver o instante
sem julgamentos estressantes
continuar com meus pensamentos errantes
a cada momento um principiante

gostaria de não julgar as pessoas pelo passado
ou por aquilo que me deixa ameaçado
gostaria de não julgar e ponto final
mas vencer esse estigma mexe com meu emocional

idealizar as coisas me parece tão comum
me parece que não há outro processo algum
que me torne consciente
daquilo que não pode ser permanente

não deveria julgar o que faz
deveria lhe deixar em paz
mas seria realmente certo?
deixar meus pensamentos em aberto?

sábado, 8 de setembro de 2012

sintomas

te busquei no mais profundo inconsciente
te associei as mais belas coisas
lhe tornei a pulsão mais forte em meu ser
meus desejos realizaveis
minhas necessidades sans
se tornou a mais misteriosa
a mais enlouquecedora sintomática
meus atos falhos
meus lapsos de linguagem
chistes
você meu objeto de desejo
recalcado e explícito
meus sintomas
minha loucura

domingo, 2 de setembro de 2012

aniversário

 

 

 
Meus olhos procuram e acham
no seu jardim as flores que desabrocham
Observo a leveza dos beija-flores
vejo borboletas de infinitas cores
e as primaveras passam...

O sol esquenta as calçadas
nas psinas as crianças brincam animadas
Tomamos sorvete nas tardes quentes
deitamos à sombra pra fugir do sol escaldante
e os verões passam...

Assopramos as folhas secas em nosso caminho
andamos por horas sem nenhum destino
Comemos as frutas maduras no pomar
fico feliz por beber do nectar de te amar
e os outonos passam...

Vemos o gramado coberto de geada
vestimos os casacos para nossa caminhada
Um vento frio cortante
nós, as cobertas e o chocolate quente
e os invernos passam...

O tempo passa pra nos mostrar que não somos eternos
viveremos juntos outonos e invernos.
O tempo passsa por todas as estações
viveremos juntos primaveras e verões.

Estarei presente a todo momento
fisicamente ou em pensamento
O tempo é mudo, é arbitrário
te desejo um feliz aniversário

sábado, 25 de agosto de 2012

julho


as nuvens passam pelo céu azul
sinto o sopro do vento sul
ventos frios de neblina
permaneço em minha sina

a vida que umidece os ares
convocando todos os pares
neste frio de inverno
a declararem amor eterno

um mês especial de julho
um gritar sem fazer barulho
ventos gelados de preguiça
as paixões que ele atiça

um bom chocolate quente
para aquecer a gente
um lugar aconchegante
para tornar a vida mais interessante

sábado, 18 de agosto de 2012

quero

 


Quero seu caminhar lento
nosso passeio por entre as plantas
quero seus pequenos pés na terra
o cheiro de umidade em seus cabelos
nossas mãos entrelaçadas...

O sol brilhando por entre as folhagens
o reflexo da água do riacho
a luz do sol clareando seu rosto
o balançar dos seus lábios ao falar comigo

Quero aquele sorriso de canto de boca
aqueles lábios entreabertos
aqueles dentes brancos
um sonho...
um desejo...

À tardinha sobre o gramado
tê-la em meus braços
ouvindo o som do vento
ouvindo o zunido das abelhas
o nosso silêncio...

Na calada da noite te levar pra casa
passar horas olhando os olhos seus
sentir medo de ir embora
sentir sua fata só por pensar em ir.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

fênix

você some e aparece do nada
como um ato subto
desaparece da minha vista
desabita meu espaço
e ressurge de algum lugar
lugar de ninguém
mais bela e flamejante
envolta nas chamas que a consumiram
que  a trucidaram outrora

talvez tenha a capacidade de se refazer
se regenerar...
misteriosa
misteriosa se coloca rumo ao desconhecido
me abandona sem dizer adeus
se transforma de novo
se refaz de si mesma

neste vai e vem constante
numa dolorida reconstrução de si
como quem se dissolve
e se reformula
você renasce de si mesma
quase sempre a mesma
num constante movimento
indefinível...
indescifrável...
indescritível...
incendiária
Fênix.

sábado, 11 de agosto de 2012

ainda

ainda que as coisas pareçam perdidas
ainda que haja despedidas
ainda que você se desespere
ainda que você me desconcidere

não vou deixar de tentar
não vou deixar de falar
não vou deixar de buscar
não vou deixar de te amar

quem sabe lhe amar de outro jeito
quem sabe de um modo nem tão perfeito
quem sabe com mais respeito
quem sabe com uma ferida maior em meu peito

serei seu guardião
serei seu espião
serei seu escorpião
serei seu na escuridão

lhe darei amor
lhe trarei amor
lhe dedicarei amor
lhe farei amor
lhe conquistarei meu amor

domingo, 5 de agosto de 2012

disse

o orvalho escorre por sobre a folha
a madrugada se faz suprema sobre os seres sonolentos
as estrelas se fazem timidas perto da imensidão da luz do luar
as águas do rio cantam músicas de paz

nesta madrugada muitos passaros adormecem
adormecem para que possam cantar amanhã
e quando o dia amanhecer reconheceremos os sonhos dos pássaros
seus belos sons de alegria e tristeza

estou num quarto sem porta
ainda olhando nos seus olhos
quero fazer tantas coisas
sonhar tantos sonhos

estou com um nó em minha garganta
estou ainda murmurando os pensamentos
quero lhe dizer algo
mas seus olhos e meu desejo emudecem minha voz

minhas mãos tremulas sobre as suas
seus cabelos bagunçados sobre a cama
tudo tão perfeito
tão impossível

quero que saiba
que eu lhe desejaria assim para sempre
mas que esse instante me valeria por toda eternidade
queria unicamente este instante

uma coisa extrema
não quer sair das minhas cordas vocais
me aproximo de seu ouvido
sinto o perfume de musa de sonhos
e lhe digo em voz quase que impossível e quebradiça

é preciso decifrar para entender
espero que entenda
parece coisa tão banal
mas para mim precisa ser de uma verdade quase indiscutível

poderia fazer juras
escrever textos
inventar mil formas
mas precisaria ser verdadeiro
e quase nunca disse isso a ninguém
por isso tão difícil

quero que saiba neste instante
que acima de qualquer outro interesse agora
quero que saiba que de todas as forças que em min'alma habita
eu te amo

parte

sabe lah quem eh
sabe lah quem foi
sabe lah quem será
será que será?
nehuma parte
toda parte faz parte de um todo dentro e fora
não há nada
não contribui em nada
apenas quem consegue-se ser
aquela parte que já foi inteiro
que agora é inteira parte
parte inteira de uma parte
de outras partes inteiras
que se faziam inteiras
um único conteúdo
a unidade que não existe
pois discriminá-la seria torná-la uma parte
e parte não pode ser o todo
partes são partes
e todo...
todo é realmente improvável
digamos que hoje eu seja
eu sou
quem sabe?
alguma parte daquele de ontem
uma parte que agora é formada junto à outras
várias partes de um todo
de um todo?
quem sabe...
sou agora um
um quase inteiro
faltando uma parte
sobrando outra
um
completo incompleto
cheio de remendos e farrapos
uma parte da parte que não pode ser inteiro
parte

quarta-feira, 25 de julho de 2012

outro

ah que saudade de mim mesmo
daquele que encotrava acordo em tudo
que buscava a luz em tudo
que via com olhos de poeta

que saudade daquele velho eu
que já não pertence a mim
aquele que dexou de fazer grandes coisas
que se debruçou pouco sobre as pequenas coisas
que deu atenção demais para o q não devia

não posso ser o que já fui antes
não poderia
ver o que vi
sentir o que senti
me impede de negligenciar as coisas
agora não mais alheio
agora não mais ingênuo
talvez um pouco. é claro
não sabido de tudo
mas de alguma forma menos confuso

sou agora outro de antes
sou agora diferente do que serei
do que fui
mas talvez não seja tão mal assim
tão tolo assim
quem sabe...

não sou o mesmo eu de outras versões
outros verões
sou aquele que se modifica
ao passar das estações

sou apenas um
que não pode ser mais aquele um
deve ser outro agora
mas não mais aquele de outrora

inexiste

é estranho pensar
chego até a delirar
chego a cogitar
mas pra que me sujeitar?

estou agora certo
realmente correto
que aquilo que persiste
que em minha cabeça insiste
realmente inexiste

inexiste?
sim deixou de ser
meus pensamentos à combater
uma idéia que é triste
agora somente não mais existe

aboli qualquer possibilidade
de transformar em realidade
algo complexo de maturidade
o que não era mais tarde

coloco em palavras tolas
aquilo que me fez ter conversas bobas
com aquele que me faz companhia
eu mesmo em serventia

agora estou para comigo
não mais um perigo
procuro outro abrigo
para me fazer seu amigo

sexta-feira, 20 de julho de 2012

cotidiano

O frio habita as ruas da cidade
as luzes ainda estão acordadas
iluminando minha alma madrugada
ainda em tempestade

as estrelas ainda brilham
o sol já vem surgindo
os passageiros agora trilham
seus destinos estão cumprindo

nesses caminhos tortuosos
passam pessoas que se desconhecem
talvez encontros amorosos
para aqueles que se merecem

a vida flui intensamente
nas ruas reluzentes adormecidas
ainda não acordadas completamente
pelo sono ainda coibidas

todas as senhoras a passar o café
se preparando para mais um dia
pessoas corajosas já em pé
estabelecendo a mais espantosa correria

por que ainda fazemos isso
colocando em risco nossas vidas
como que num feitiço
uma liberdade muito tímida

somos homens e mulheres
correndo atraz de algo
milhares e milhares
que não chegam ao seu alvo

nos descobrimos a cada instante
coisas que talvez fossemos
queremos por vezes ficar distante
daquilo que em nós tememos

nos alienamos
por não querer a verdade
pois nos aquietamos
por pura vaidade

é dolorosa eu sei
aquela que nos tonra sãos
mais perdido estarei
quando a verdade estiver em minhas mãos



futuramente

Quando for poeta
talvez saiba
colocar em palavras
aquilo que sinto

Quando for poeta
talvez me torne mais feliz
por entender
o que meu coração me diz

Quando for poeta
talvez as pessoas me entendam
sentirão aquilo que sinto
saberão aquilo que penso

Quando for poeta
talvez tudo tenha sentido
nada será perdido
não ficarei de peito partido

Quando for poeta
talvez meus versos tenham brilho
mesu sonhos serão vividos
meus poemas expandidos

Quando for poeta
talvez me torne poeta
e quem sabe ela
me reconheça como tal

terça-feira, 10 de julho de 2012

espirais

 


Nesta noite vi espirais
carreteis de sonho
negros fios
fios que tecem meu desejo
naquelas ondas negras
naqueles cachos
me vi totalmente conturbado

Aqueles cachos que iam além dos ombros
além dos céus
além do mundo
como se não bastasse
aqueles rodemoinhos de esperança
labirintos de perdição
vinham acompanhados...

Tinham como companhia um par de olhos
lindos olhos
olhos de nevoeiros
olhos contraventores
olhos que me atormentam
enlouquecem
iludem
apenas por existirem

Não por satisfeitos
olhos e cabelo
como quem por generosidade
estravaza espectativas
um rosto lindo e tão voraz
serve de casa
um lar para aqueles lábios
aquele par de encanto
grossos lábios verdadeiros
que emolduram um sorriso doce
que me deixaram sem palavras
pondo fim a esses versos

sábado, 7 de julho de 2012

guardião

 


Estou aqui velando seu sono.
Parado observando sua doce pele.
Seus cachos sobre a colcha de retalhos.
Seus grossos lábios
feito morangos maduros
Fico aqui.
Como guardião de sonhos
devaneando...

Ah como queria estar lá,
naquele seu mundo de maravilhas
todo seu
e em seu poder
Queria ver suas paisagens
suas loucuras
Fico aqui do lado de fora cuidando
cuidando para que nada lhe perturbe
Perturbado
perturbado por não saber
saber o que lhe faz brilhar os olhos.

ray-ban

Não entendo
o que realmente ocorreu
estou agora me perdendo
porque seus olhos de mim escondeu?
talvez a luz forte do dia
aqueles certos adornos, minha agonia
acobertaram seus azuis
não vejo mais aquela sua luz
fiquei com os óculos escuros na lembrança
aqueles que me roubaram a esperança

quinta-feira, 5 de julho de 2012

dança?

 


Hoje menina tu me fizestes sonhar
Nesta noite de conquistas e de loucuras
tu menina, me colocastes em xeque

Aqueles teus olhos negros a me perfurar
Aqueles teus cachos soltos no ar
sua boca pronta para beijar

Podia ter sido homem
e te tirado para dançar
mas meu medo e receio
me fez olhando apenas ficar

Ah menina podia dançar com tantas outras
podia roubar olhares
podia flertar com tantas
mas aquela noite me prendi a ti

Me faltou coragem eu sei
contra mim mesmo sei que pequei
uma oportunidade imensa
eu falhei

Talvez tu não dançaria comigo
rejeitaria o meu pedido
mas quem sabe por um subto
um imenso prazer tu teria concedido

Ah menina sei que não sei dançar
mas tê-la em meus braços
já valeria a pena por me envergonhar

Quem sabe daquela dança
surgisse alguma esperança
de lhe ocupar a lembrança

Não sei se outra oportunidade eu terei
mas certamente me esforçarei
vencendo o medo lhe convidarei
e uma dança lhe pedirei