adentramos na vida como todas as outras coisas
passageiros de um trem sem trilhos
colocamos nossos passos à venda
obrigados à fazer coisas que não queremos
uma porta se abre e adentramos no vagão
por que entramos, não sabemos
talvez por que muitos entraram
permanecemos lá por um tempo
daí alguém nos joga para fora
novamente somos obrigados a fazer novas escolhas
uma nova porta se abre...
num momento nos acostumamos
aquela coisa indesejável
se torna nosso único ponto de apoio
até que algo acontece e nos põe no chão
estamos novamente andando na multidão
todos vão
todos vem
alguns com pressa
outros nem pensam nas horas
mas passamos por estações que não planejamos
seguimos trajetos que nunca imaginamos
seguimos, apenas
somos passageiros
passageiros de um trem que nos leva
nos leva sem nos perguntar onde queremos ir
pensamos estar no controle às vezes
mas os trilhos são fixos
não podemos vê-los
mas o caminho a percorrer
está cravado no chão
e a ele estamos presos
tentamos por vezes sair
colocar a cabeça para fora da janela
mas ainda continuamos na serpente de aço
num sonho quem sabe
num flutuar longínquo
as coisas saiam do lugar
e nasça a possibilidade
de nos desprender
e a gente consiga vagar
vagar como vagões sem sentido
sem destino
sem trilhos...
domingo, 28 de julho de 2013
sexta-feira, 19 de julho de 2013
pecadores
sentados nos degraus da igreja
sem pretenção de entrar
dois vagabundos
querendo trabalho
mas com preguiça de se levantar
dois corrompidos
tentando ver deus
mas com medo de confessar seus pecados
dois vadios
colocados à margem do sistema
e sem nenhuma vontade de fazer parte dele
dois pilantras
com tanta vontade de se dar bem
sem fazer nada da vida
dois poetas
sentados à devanear
para quem sabe o mundo desvendar
dois patetas
pensando em coisas inteligentes
mas sem inteligência para pensar
dois lúcidos
querendo ser mais realistas
mas com dificuldade de se manterem sãos
dois andantes
sentados à beira do mundo
prontos para decolarem
dois vulcões
prontos para entrar em erupção
mas ainda adormecidos
segunda-feira, 15 de julho de 2013
bobagem
olhe no fundo dos meus olhos
enxergue aquilo que não se vê
todas as palavras que eu já disse
todos os sonhos que sonhei
peço que sinta o que toca seu coração
tudo o que já pensou de mim
tudo o que já sonhou comigo
seus desejos...
seus devaneios...
quando seus olhos me disseram sim
seus lábios entoaram não
quando seus péis caminharam em minha direção
se jogou no chão para não prosseguir
se ainda dividida se corroi de incertezas
não aceita se entregar para o que está
se foge do desconhecido
outra parte acena em minha direção
seu sorriso ainda lhe expõe
seus olhos ainda lhe contradizem
e tudo aquilo que evita
um dia lhe trairá
saiba que o que disse
minhas antigas palavras
não são meras bobagens
são bobagens
chistes
mas são verdadeiras
quero que considere
e estes sinais
seus lapsos de vivência
também não são bobagens
entenda
o que o seu corpo escreve
eu já li
estou apenas esperando
para que você o recite para mim
enxergue aquilo que não se vê
todas as palavras que eu já disse
todos os sonhos que sonhei
peço que sinta o que toca seu coração
tudo o que já pensou de mim
tudo o que já sonhou comigo
seus desejos...
seus devaneios...
quando seus olhos me disseram sim
seus lábios entoaram não
quando seus péis caminharam em minha direção
se jogou no chão para não prosseguir
se ainda dividida se corroi de incertezas
não aceita se entregar para o que está
se foge do desconhecido
outra parte acena em minha direção
seu sorriso ainda lhe expõe
seus olhos ainda lhe contradizem
e tudo aquilo que evita
um dia lhe trairá
saiba que o que disse
minhas antigas palavras
não são meras bobagens
são bobagens
chistes
mas são verdadeiras
quero que considere
e estes sinais
seus lapsos de vivência
também não são bobagens
entenda
o que o seu corpo escreve
eu já li
estou apenas esperando
para que você o recite para mim
quarta-feira, 3 de julho de 2013
presente
queria tudo o que o universo poderia me dar
desejei a cada instante uma satisfação
tudo que se mostava vivo
tudo que se mostrava bom
quando acordei pela manhã
queria apenas um raiar de sol
um azul no céu
duas nuvens brancas
café preto, com açúcar
manteiga no pão
não queria muito
mas queria tudo
e o que eu mais quero agora
como meu presente...
queria tê-la aqui comigo
com aquele teu sorriso
discreto
tímido
queria nossos corpos entrelaçados
seus cabelos no meu peito
nossos olhares ao horizonte
pensamentos vagos
queria pouco
queria um presente
estar presente
você presente
aqui um ponto
num instante
que já não é presente
um passado
que já não é
mas o afeto
o desejo
ainda percorrerá o tempo
a vontade ainda persiste
quero pouco
quero toda
apenas uma
...
desejei a cada instante uma satisfação
tudo que se mostava vivo
tudo que se mostrava bom
quando acordei pela manhã
queria apenas um raiar de sol
um azul no céu
duas nuvens brancas
café preto, com açúcar
manteiga no pão
não queria muito
mas queria tudo
e o que eu mais quero agora
como meu presente...
queria tê-la aqui comigo
com aquele teu sorriso
discreto
tímido
queria nossos corpos entrelaçados
seus cabelos no meu peito
nossos olhares ao horizonte
pensamentos vagos
queria pouco
queria um presente
estar presente
você presente
aqui um ponto
num instante
que já não é presente
um passado
que já não é
mas o afeto
o desejo
ainda percorrerá o tempo
a vontade ainda persiste
quero pouco
quero toda
apenas uma
...
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