domingo, 21 de junho de 2015

domingo


quando tudo for claro
claro como um dia de domingo
entenderá que sentir não é pecado
que somos ainda imperfeitos
improváveis

os sorvetes estão no congelador
meu coração derrete
o sol escaldante
minha mente pensante
escorre versos insanos

sinto falta da sua voz
acariciando meus pensamentos
ainda é domingo
meus projetos de segunda
estão muito distantes de se concretizarem
mas já é amanhã
e hoje
hoje não é mais
domingo

talvez seja tarde pra sonhar
já estou despertando novamente
a alvorada não perdoa o sono atrazado
o mundo não parou
não parou com a vontade do poeta

o mundo se abre novamente
e aquela porta
aquela porta se fecha por traz da colina
desperta um sujeito novo
um novo estranhamento

carrego sua falta no peito
não vou perseguir preenchimentos
os domingos vão passar
passos vou caminhar
não perderei qualquer chance
sou forte o suficiente
para mostrar minha maior fragilidade

quantos domingos ainda temos
não importa tanto
confio no mundo
nos domingos
sei que ainda serão
claros, frios e raros
domingos
sorvetes
chocolates
romances

acordei

hoje acordei poeta
despertei sentimental
respirei fundo
inspirei

os versos saltavam como grilos
palavras saiam de si
os ventos não sopravam
assobiavam idéias

o sol nasceu tão raro
o céu azul esbravejava sonhos
as gaivotas inexistentes
flutuavam como bexigas de gás

hoje acordei um pouco mais chorozo
as músicas me inundaram
as lágrimas facilmente se mostravam
suicidavam dos meus olhos

o banho foi mais demorado
o café foi mais pensativo
a caminhada mais charmosa
os pássaros mais mágicos

hoje acordei entormpecido
demorei em mim
viajei em pensamentos
vi miragens reais

passei um dia belo
um belo dia igual
acordei sonhando
sonhei acordado

chuva

quando ouviu os trovões
quando as nuvens se fundiram
sentiu os pingos da chuva
deixou-se molhar

mesmo com certo medo
entregou-se ao encanto do inconcebível
permitiu-se
fechou os olhos
sentiu a vida
viu que não há mal algum
não há mal algum em se molhar

deixou o guarda chuva em casa
não precisou correr
não precisou fugir
mesmo feita de açúcar
deixou-se derreter

em meio a correria
se viu em paz
em paz consigo mesma
sentou-se para sentir o mundo
encontrou-se
encantou-se

adocicou os olhares
parou o tempo
os instantes ainda perversos
não a faziam estremecer
o doce molhado momento
se fez pintura borrada e bela
nebulosa
misteriosa
inspiradora

domingo, 14 de junho de 2015

títulos

coração estremecido
corpo estilhaçado
pensamento aflito
criança nebulosa
soluços silenciados
poemas roubados
risos constrangidos
gargalhadas infames
sonhos ingênuos
olhos precários
intenções perversas
libido atenuada
pulsões satisfeitas
pensamentos demasiados
cortinas floridas
amanhecer ensolarado
traços rabiscados
canções gagueijadas
beleza envergonhada
versos interrompidos
loucuras inteligentes
casas habitadas
ruas iluminadas
inspirações constantes
sonetos errantes
batimentos descompassados
lábios molhados
cabelos assoprados
orelhas arrepiadas
assobios afinados
associações livres