sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

veja

vasculhando minhas lembranças
e outras projeções de como devo ser
tentei me refazer
mas não pude ser mais que eu mesmo

queria lhe conquistar
me fazer alguém
aquele alguém que descobri
aquele que lhe encantaria

mas não posso ser outro
a não ser eu

minha barba ainda está por fazer
meus cabelos bagunçados
meus tênis furados
e minha camisa amarrotada

só consigo ser eu mesmo
mesmo sem autenticidade
ainda escrevo versos sem sentido
ainda espero que você os leia

ainda não consigo discriminar...
quando seguir
quando parar...

seus olhos ainda estão presentes
busco seu franzir de testa 
seu olhar ainda indeciso
sua mordida no lábio inferior

tentei ser outro
tentei pensar em outra forma de ser
mas não conseguiria...

por mais que você tente...
sei que ainda espera de mim
aquilo que sempre faço

nossos risos
nosso descompromisso
nossa conversa...

não posso ser aquele cara
aquele de seu ideário
no máximo...
posso ser eu mesmo

talvez não seja tão ruim assim...
talvez você não saiba...
a falta que eu faço
a falta que você me faz

sou ainda um tolo
que tece associações insanas
que pensa em coisas sem nexo
que gosta do seu jeito delicado

fico indeciso se o que vejo
se o que entendo
realmente existe

você ainda é um poço de mistérios
e eu não sou quem você pensa
ainda persigo o incerto

só posso ser eu
nem sou tão ruim assim
você sabe
você sente

sou eu
e ainda vou buscá-la outra vez
vou tentá-la
e no nosso encontro
nosso louco encontro
quem sabe
você se veja
você me veja...

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

tristeza

coloquei meus sapatos
vesti a capa de chuva
mas não fui a lugar algum
continuei aqui
chorando minhas angústias

olhando pela janela vi o céu azul
as nuvens brancas
e ao fechar os olhos...
ainda estava escuro

procurando respostas 
para as perguntas que não tinha
confuso
continuei trancado
trancado em mim

todos os pássaros lá fora
todas as borboletas
não sabem dos meus temores
ao menos a gata
a gata ainda sente meus revezes

pensei em gritar ao mundo minha indecisão
minha falta de coragem
mas percebi que não havia nada
nenhuma palavra a ser dita

quero fazer algo
mas ainda não sei o quê
quero dizer 
e estou ainda calado

engoli algumas palavras
cuspi algumas lágrimas
e ainda permaneço
em meu próprio martírio

despi de minhas vestes
olhei para o mundo
mundo em um papel em branco
e continuei viajando

não quis chegar a lugar algum
nem sair de mim mesmo
apesar do meu próprio abandono
ainda estou aqui

 
 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

desconhecimento

depois de um tempo
o nó da garganta se desfez
o livro chegou ao fim
o conto teve um final feliz

deixei a coisa de lado
coloquei ponto final na história
imaginária história

passei a perceber outras ilusões
a perseguir outros sonhos
outras possibilidades

talvez persistir seja um erro
o abandono é uma alternativa
ou então a mudança
o contorno

algumas coisas não precisam ser respondidas
solucionadas
algumas coisas estão no mundo
e só
não precisam de causas
não precisam de consequências

algumas coisas são incompreensíveis
e não precisam ser solucionadas
compreendidas ceêntificamente

o desconhecimento às vezes é a melhor possibilidade
 

sábado, 7 de dezembro de 2013

sim

e se eu lhe perguntar...
se eu lhe colocar em xeque?

diga...
somente que
sim

sim para nossas histórias
sim para nossos sonhos
nosso desejo

sim para sua necessidade de mim
para minha companhia 
para a minha loucura

diga sim para nós
para os laços
para nossos passos

você sabe o que quer
sabe o que deseja
o que espera...

diga sim
sim para as estrelas do céu
para as gotas da chuva
para as tardes de domingo

diga...
não existe certeza em hipóteses
não existe pecado nos romances
nem decisão sem medo
mas diga...

sim para mim
sim para você
sim para o futuro
para o incerto
para o diferente
diga sim

venha comigo para lugares lúdicos
mares e jardins
séries e filmes

seja minha
seja você
diga sim