domingo, 2 de fevereiro de 2014

brisa


um bar
umas palavras 
duas ou três bebidas
morenas passantes
boas risadas

uma brisa boa
uma conversa a toa
no céu as estrelas
os faróis nos carros

a possibilidade de ser livre
um pouco livre
sem pagar nada
sem pagar muito

os pensamentos esgotados
e os assuntos também
o trivial se vai
o clima
o calor
o trabalho

quando todo o assunto termina
começa a conversa que nos coloca
coloca humanos e inseguros
incertos

o que se havia programado acaba
e o que deveríamos dizer surge
surge meio disfarçado
meio acanhado

e as palavras ganham vida na madrugada
algumas dúvidas
algumas promessas
outras tristezas
e um tanto de felicidade

quando não pensamos tanto
naquilo que deveríamos falar
no que deveríamos esconder de nós
e dos outros
a coisa muda
e as feridas que eram ocultas
permeiam as palavras cuspidas na rua

um bar
uma calçada
umas biritas
e um bom amigo

vagar é tão normal
perambular sem rumo
nos pensamentos soltos
que tudo parece nebuloso
tudo é apenas uma abstração

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