segunda-feira, 18 de novembro de 2013

raposa


temi aqueles olhos
aqueles acastanhados olhos
temi por tê-los visto antes
em sonhos e devaneios

tive medo de me inundar
tive medo de não retornar
me fingi de morto para não virar presa
presa daquela avassaladora de pensamentos

tive medo daqueles olhos
daqueles olhos grandes e vibrantes
morri por um instante
morri pois não mais estava em mim
fui capturado

quantos mais não caíram naquela armadilha
e se encantaram pelos olhos da sereia
quantos mais não se perderam
se desencontraram naqueles labirintos

me fiz de morto
mas num relance cai na tentação
na tentação de fitar aquele olhar
então o inevitável
aqueles olhos povoaram meus pensamentos

e agora
agora estou eu aqui
escrevendo os olhos
os arredios e mansos olhos
ainda extasiado
ainda perdido

poderia não ter visto
poderia não ter desejado
mas o cosmo é mais forte
mais forte que o errante
e o poeta
o falante
caiu na armadilha
como raposa desprevenida 

Nenhum comentário:

Postar um comentário