o rosto dela se debruça sobre o livro
o vento movimenta seus cabelos
num balançar instigante
se concentra em seu instante
suas costas devidamente eretas
em postura possivelmente correta
sucumbe meus desejos
o vento que sopra o movimento
o dançar de seus cabelos
é o mesmo vento
que acolhe meus olhos solitários
como uma mágica
a vida se confunde com um todo
um bocejar
a chuva noite adentro
se condençam em um único momento
a morena sentada à mesa
a franja a balançar com o vento
as páginas de seu livro arredio
seu rosto, meu arrepio
o sono a atinge
seus instantes se tornam mais leves
a sua beleza
torna meus instantes mais concretos
ela ainda está lá
sentada, atenta
nem percebe que alguém a observa
que alguém a contempla
a vigia
a decifra
seus passos tiram ela de mim
se vai sem se despedir
sem um aceno
sem um olhar
me deixa só
sem o que vislumbrar
sem o que escrever
sem o que pensar
sem chances
sem romances
apenas com um poema.
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