sexta-feira, 12 de outubro de 2012

tinta

a esfera da caneta percorre...
deslisa sobre a superfície branca do papel
deixa um rastro azul
deixa meus sonhos
minhas ilusões
faz uma representação
daqueles, destes meus devaneios
transforma em símbolos
esta minha abstração
torna possível esta composição

traços e marcas
pensamentos e suposições
um egocentrismo
um tornar material
visual.
marcas de tinta
essenciais para minha reconstrução
minha explanação
minha exposição

azul no branco
branco no azul
branco que não há
azul que não faz sentido
azul ainda escondido
azul possível
azul construído
branco permanente
visto este dilema
de transformação do estático
correndo o risco
a impossíbilidade de voltar atrás
de renegar o já escrito
preso em minhas palavras
palavras coladas pela tinta

uma cartase
uma ferida exposta
ilusões presas no limite do branco
livres nos limites da imaginação
incontrolável interpretação
um risco...
não ser decodificado
uma possibilidade nua
um risco indeletável

como quem foge de seus demônios
uma fulga incessante do proprio íntimo
daquilo que existe em si
escrevo palavras aos montes
uma energia que precisa ir
se tornar material de alguma forma
uma porta aberta

a caneta ainda discorre sonhos
um pedaço de materialidade
realidade
deformidade
a caneta ainda risca símbolos ilusórios
a mente não cessa
o pensamento não para
a tinta não acaba
o branco não se tinge por inteiro
mas o poema...
o poeta chega ao fim.

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