o termómetro na parede marca
trinta e oito graus de calor
os segundos passam e a temperatura aumenta
o quarto sufoca o pensamento
um at qualquer para expandir o que se encontra preso
na garagem a ver os carros passando
branco, prata, azul, asteróide...
o tédio seria pouco
nada que possa gerar alguma coisa
nenhum elemento sublime
escuto o som dos escapamentos
subindo pelas ladeiras
buzinas enfurecidas
correm feito histéricas
os carros já não me interessam mais
pessoas passam
bonés, óculos escuros, shorts e bermudas
o calor se evidência nas pessoas
o sol parece queimar o asfalto
meu pensamento se perde...
visualizo miragens
imagino aquilo que não está lá
praias e marés
montanhas e vales
viajo como um desbravador
buscando novas experiências
quem não tem o que olhar
precisa inventar
me torno um viajante em pensamentos...
um som diferente quebra a frequência
um assobio...
um apito com vários tons
agudo, grave
grave, agudo
de lá de longe se aproxima
uma caixa, sobre duas rodas
um homem, um boné e um apito
sorvete
sorvete e calor
nada melhor para espantar o tédio
picolés
água colorida congelada
morango, uva, limão, leite condençado, sonhos...
sonhos por favor!
quem sabe uma inspiração gelada?
gelada num dia quente
o sorveteiro trouxe o que faltava
o que me faltava
uma razão para escrever estas linhas
para não dizer que fiz apenas por fazer
o apito volta novamente às ruas
se distancia aos poucos
o sorveteiro vai embora
deixa o frescor do sovete
deia uma porção de sonhos
deixa um simples motivo
algo para tornar real
o sorveteiro semeia esperança
sorrisos e alegrias
o sorveteiro passa
e por onde passa
deixa seu rastro de palitos
lembranças de bons momentos
ele compartilha a alegria
água colorida congelada
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