quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

convite

quero estar contigo
mas ainda estar comigo
quero compartilhar o que tenho de bom
e o que tenho de mal
por que não?
o que carrego 
o que apresento
não é tudo o que tenho
ainda guardo algumas surpresas
boas
e ruins também
mas será novo
isso sim
e quando me refizer
as coisas parecerão tão loucas
que nem sei se vai querer estar comigo
mas tentarei mesmo assim
não serei mas eu
mas a alma que vaga pelo caminho
que vaga sem destino
esta que agora é um ponto
há de ser a mesma
quase a mesma
quase sã
tenho algumas coisas à dizer
algumas coisas pra lhe mostrar
outras para lhe esconder
mas lhe convido
convido a partilhar alguns momentos comigo
momentos
existe a possibilidade de isso acontecer
de ser bom
ou não ser
mas quero que saiba...
você ainda é a pessoa com quem queria estar
jogar conversa fora
partilhar um abraço
você é essa pessoa
que a alma andante
almeja caminhar ao lado

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

(in)completo

vai me odiar
mas vai amar pensar em mim

vai querer que eu morra
e também partilhar uma vida comigo

vai desejar nunca ter me conhecido
e pedir a deus pra não me esquecer jamais

vai chorar por mim
e vai rir das minhas loucuras

vai querer que eu esteja longe
e desejar dormir em meu abraço

vai pensar que só tenho defeitos
e perceber que não vive sem eles

vai querer conhecer outros caras
e perceber que somente eu lhe dou prazer

vai pensar que tudo está perdido
e se lembrará que nunca houve nada de concreto

vai sonhar com belas histórias
e acordar pensando em mim

vai andar sozinha
e entender que somos dois

vai achar que sou teu
e perceber que não somos de ninguém

vai se esquecer de mim
mas o afeto ainda estará lá dentro

essas palavras lhe farão todo sentido
mas vai desejar nunca ter lido estes versos

domingo, 2 de fevereiro de 2014

brisa


um bar
umas palavras 
duas ou três bebidas
morenas passantes
boas risadas

uma brisa boa
uma conversa a toa
no céu as estrelas
os faróis nos carros

a possibilidade de ser livre
um pouco livre
sem pagar nada
sem pagar muito

os pensamentos esgotados
e os assuntos também
o trivial se vai
o clima
o calor
o trabalho

quando todo o assunto termina
começa a conversa que nos coloca
coloca humanos e inseguros
incertos

o que se havia programado acaba
e o que deveríamos dizer surge
surge meio disfarçado
meio acanhado

e as palavras ganham vida na madrugada
algumas dúvidas
algumas promessas
outras tristezas
e um tanto de felicidade

quando não pensamos tanto
naquilo que deveríamos falar
no que deveríamos esconder de nós
e dos outros
a coisa muda
e as feridas que eram ocultas
permeiam as palavras cuspidas na rua

um bar
uma calçada
umas biritas
e um bom amigo

vagar é tão normal
perambular sem rumo
nos pensamentos soltos
que tudo parece nebuloso
tudo é apenas uma abstração