terça-feira, 29 de dezembro de 2015
taças
como desço o mundo
como adormeço nesta noite
se seu rosto e seu sorriso
me pedem para ficar desperto
sua voz
sua voz recitando alguns poemas
sejam Drummond ou Pessoa
sua voz entoa minha vida
minha curta vida
meu sonho noturno
nada como a voz
a voz aveludada da morena
o que faço com a noite
se as estrelas se calam
se calam para escutá-la
a alvorada chega
meus olhos cerrados
meus olhos quase fechados
eu ainda inebriado
eu embriagado
eu querendo ela
a voz sem cessar
quero continuar a ouvir
a escutar os versos
mas a vontade de molhar aqueles lábios
aqueles grossos lábios...
uma cicatriz se fecha em meu peito
outra se abre do lado inverso
uma lágrima escorre
minha lágrima na nuca dela
interrompi os poemas
dádivas de qualquer sonâmbulo
a voz dela cessou
entristeci
mas alegrei
uma nostálgica sensação
uma vontade de repetir
de mesclar os dois prazeres
não teria a voz
se tivesse o beijo
não teria o beijo
se tivesse a voz
persegui gemidos...
como adormecer
se o meu desejo
se o meu anseio
é estar em vigília
é ouvir a voz
navegar os versos
mergulhar nos lábios
naufragar nos cabelos
sucumbi a limitação do corpo
como bons restos diurnos
ainda pude sonhar
sonhar com o objeto desejado
e neste vai e vem
neste ouvir e beijar
me perdi
entre o sono e a vigília
o sonho estava nas duas taças
domingo, 20 de dezembro de 2015
desjejum
os lábios feito estranhezas
as pernas trêmulas
o medo de perder o momento
o momento especial
um corpo ainda desconhecido
uma boca ainda inexplorada
os movimentos
os cheiros
os laços
na instantaneidade
na circunstância
na falta de oportunidade
na abertura dos braços
as mãos dadas
temi ser apenas um vassalo
um objeto descartável
fui usado
sei que fui
mas usei também
se a janela aberta mostra a chuva
é para lá que se deve ir
um salto e tudo vale
o corpo se molha
os abraços se mostram mais interessantes
o amanhecer é exagerado
o dia tem pressa
e apressa o que deveria ser calmo
o que deveria ser degustado
o que ainda era imaturo
a vontade de devorar era tamanha
que o alimento
o cardápio do dia
mostrava apenas
a vontade
meu lábio inferior
no desejo de lambuzar o macio lábio
a pressa foi mais violenta
a fome devorou antes de sentir o gosto total
e o dia amanheceu
tantos lugares que desejei passar
tantos toques que não pude dar
o pescoço
os cabelos
as mãos...
sei que já é tarde
já anoiteceu
a memória se faz bela
um café da manhã bem servido
um desjejum de lábios
o que quer o poeta?
se não inspiração?
um bom dia
um bom abraço
mordidas e arranhões
as pernas trêmulas
o medo de perder o momento
o momento especial
um corpo ainda desconhecido
uma boca ainda inexplorada
os movimentos
os cheiros
os laços
na instantaneidade
na circunstância
na falta de oportunidade
na abertura dos braços
as mãos dadas
temi ser apenas um vassalo
um objeto descartável
fui usado
sei que fui
mas usei também
se a janela aberta mostra a chuva
é para lá que se deve ir
um salto e tudo vale
o corpo se molha
os abraços se mostram mais interessantes
o amanhecer é exagerado
o dia tem pressa
e apressa o que deveria ser calmo
o que deveria ser degustado
o que ainda era imaturo
a vontade de devorar era tamanha
que o alimento
o cardápio do dia
mostrava apenas
a vontade
meu lábio inferior
no desejo de lambuzar o macio lábio
a pressa foi mais violenta
a fome devorou antes de sentir o gosto total
e o dia amanheceu
tantos lugares que desejei passar
tantos toques que não pude dar
o pescoço
os cabelos
as mãos...
sei que já é tarde
já anoiteceu
a memória se faz bela
um café da manhã bem servido
um desjejum de lábios
o que quer o poeta?
se não inspiração?
um bom dia
um bom abraço
mordidas e arranhões
domingo, 13 de dezembro de 2015
penhasco
a beira de um penhasco
sem limites
sem filtros
apenas o desejo
a vontade de satisfação
um caminhar pelo fio da navalha
sexo, drogas e infantilidades
sem pensar no amanhã
percorre o mundo loucamente
a mais frágil coragem de viver o mundo
a sensação de provar a todos
que regras são feitas para serem quebradas
pela simples satisfação de rebeldia
viver intensamente
cada instante
cada momento
sem pensar o que vai dar
com quem vai ficar
quantos tombos vai levar
anda de moto sem capacete
pela simples satisfação de sentir o vento
ignora o perigo
goza do perigo
acelera até o raiar do dia
foge da realidade que há em volta
corre pela cidade
se embriaga de fantasias
ainda não sabe que em seu peito
há muita claridade
não conhece a força que tem
a capacidade ainda inexplorada
faz coisas feito criança
mas é um poço de sanidade
sem limites
sem filtros
apenas o desejo
a vontade de satisfação
um caminhar pelo fio da navalha
sexo, drogas e infantilidades
sem pensar no amanhã
percorre o mundo loucamente
a mais frágil coragem de viver o mundo
a sensação de provar a todos
que regras são feitas para serem quebradas
pela simples satisfação de rebeldia
viver intensamente
cada instante
cada momento
sem pensar o que vai dar
com quem vai ficar
quantos tombos vai levar
anda de moto sem capacete
pela simples satisfação de sentir o vento
ignora o perigo
goza do perigo
acelera até o raiar do dia
foge da realidade que há em volta
corre pela cidade
se embriaga de fantasias
ainda não sabe que em seu peito
há muita claridade
não conhece a força que tem
a capacidade ainda inexplorada
faz coisas feito criança
mas é um poço de sanidade
terça-feira, 24 de novembro de 2015
alvo
serei eu
seu mais avassalador inebriante
seu correspondente louco
serei seu mais insano desejo
terei seu coração em minhas falas
seu sorriso mais belo e inevitável
serei suas esperas de ligação
terei sua novidade inesperada
a surpresa mais catastrófica
borrarei seu batom vermelho
lutarei guerras intergaláticas
seus castanhos cabelos sofrerão
eternamente embaraçados
em minha mais impulsiva satisfação
sentirá dores na nuca
terá o pescoço sempre avermelhado
as noites não serão as mesmas
as manhãs chegarão mais cedo
o sol irá despertar quem ainda não adormeceu
seu jeito espevitado
de menina que quer o mundo
continuará assim
e eu...
eu serei a chama mais ardente da tarde
a lenha mais seca e inflamável
a chuva se tornará fumaça em brasa
pequena
crivo aqui meu desejo em ti
coloco um alvo em seu peito
caminho de pés descalços
vou em direção ao sol
em direção ao seu riso
seguirei seu perfume
te guardarei em um abraço
seu mais avassalador inebriante
seu correspondente louco
serei seu mais insano desejo
terei seu coração em minhas falas
seu sorriso mais belo e inevitável
serei suas esperas de ligação
terei sua novidade inesperada
a surpresa mais catastrófica
borrarei seu batom vermelho
lutarei guerras intergaláticas
seus castanhos cabelos sofrerão
eternamente embaraçados
em minha mais impulsiva satisfação
sentirá dores na nuca
terá o pescoço sempre avermelhado
as noites não serão as mesmas
as manhãs chegarão mais cedo
o sol irá despertar quem ainda não adormeceu
seu jeito espevitado
de menina que quer o mundo
continuará assim
e eu...
eu serei a chama mais ardente da tarde
a lenha mais seca e inflamável
a chuva se tornará fumaça em brasa
pequena
crivo aqui meu desejo em ti
coloco um alvo em seu peito
caminho de pés descalços
vou em direção ao sol
em direção ao seu riso
seguirei seu perfume
te guardarei em um abraço
Carolina
na manhã de domingo
manhã clara e quente
o sol ainda inspirava os primeiros sintomas
na casa ao lado
num jardim despretensioso
com o regador
a mais bela cena matinal
Carolina e chuva artificial
o sol contrastava com a pele morena
os cabelos pretos e ondulados
Carolina
mil girassóis
quarenta orquídeas
bromélias amedrontadas
dentre tantas flores do universo
a mais bela
a mais bela do momento
era a que regava as outras
Carolina transpirava
vapores e volúpias
alegrava as plantas
e no meu coração
no meu coração floresciam versos
mal sabia Carolina
que o que mais queria
era que a flor mais bela
a mais bela flor
fosse regada por divindades
ver todas as flores na chuva
seria uma dádiva
sol, chuva e Carolina
manhã clara e quente
o sol ainda inspirava os primeiros sintomas
na casa ao lado
num jardim despretensioso
com o regador
a mais bela cena matinal
Carolina e chuva artificial
o sol contrastava com a pele morena
os cabelos pretos e ondulados
Carolina
mil girassóis
quarenta orquídeas
bromélias amedrontadas
dentre tantas flores do universo
a mais bela
a mais bela do momento
era a que regava as outras
Carolina transpirava
vapores e volúpias
alegrava as plantas
e no meu coração
no meu coração floresciam versos
mal sabia Carolina
que o que mais queria
era que a flor mais bela
a mais bela flor
fosse regada por divindades
ver todas as flores na chuva
seria uma dádiva
sol, chuva e Carolina
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
silêncio
havia silêncio
havia silêncio...
havia silêncio...
ecoava o silêncio
houve uma onda
onda
a onda criou um turbilhão
turbilhão incontrolável
impensável
impossível
a confusão imperou
tudo era turvo e sombrio
veio a guerra
tentou-se lapidar o diamante
não havia forma
não havia regra
tudo era barulho
murmuro e gemido
o silêncio era ensurdecedor
haviam gritos e desespero
algo precisava surgir
o peito doía
a garganta apertava
o choro esperava a decolagem
veio a imagem
um projeto de superação
o silêncio virou palavra
uma miragem no deserto
o sem sentido
foi sentido
criou-se a falsidade
a garganta berrou
o peito disparou
o mundo floresceu
a palavra ganhou vida
e foi lançada ao mundo
o silêncio voutou
ouviram o silêncio
o silêncio aguarda a onda
nova onda
desesperada onda
angustiado mar
translúcido vento
silêncio
ouviram o silêncio
embriagado
posso lhe trazer prazer
mas não me peça amor
posso lhe fazer muitos agrados
mas não poderei lhe dar o mundo
mesmo que haja desejo
meu amor está preso em outros olhos
meu coração caminha por outros vales
um outro pescoço guarda meus sonhos
outra mulher ainda inspira meus versos...
se quiseres prazer estarei aqui
sou qualquer pedaço de carne
posso fazer o que você quiser
mas amor não posso dar
posso falar o que deseja ouvir
posso lhe fazer suspirar de desejo
deixá-la esperando a semana toda
por uma noite comigo
mas não serei eu
será apenas minha parte mais perversa
sua vontade de mim acabará
seu desagrado aumentará
pois mesmo presente
contigo não vou estar
posso ver beleza em seu ser
posso até me encantar em sua imagem
mas sei o quanto sou tormento
sei que engendrarei a mais insana superficialidade
não que eu seja sempre assim
conheço parte da parte mais bela
mais agradável em mim
mas a minha face mais luminosa
está embriagada de saudades da lua
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
brevidade
nos olhos do menino
na fragilidade de um corpo
vi toda a força do mundo
a morte não era temida
a vida era vivida
nas possibilidades de vida
na fraqueza delicada
na sutil pureza
escutei na fala do menino
a coisa mais profunda
a mais bela verdade instantânea
quantos anos precisamos
quantas vidas tocamos
para entender a vida
o menino precisou de poucos
poucos breves anos
para saber o que muitos
muitos nunca entenderão
mesmo vivendo dez décadas
quanto dura a vida
quanto é dura a vida
ceifeiros rondam na alvorada
a vida
delicada vida
desaparece em um sopro
em um suspiro
a vida dura o tempo exato
o suficiente
na brevidade da vida
aquele curto instante
foi suficiente para ser eterno
eterno na memória
na saudade
no aprendizado
na fragilidade de um corpo
vi toda a força do mundo
a morte não era temida
a vida era vivida
nas possibilidades de vida
na fraqueza delicada
na sutil pureza
escutei na fala do menino
a coisa mais profunda
a mais bela verdade instantânea
quantos anos precisamos
quantas vidas tocamos
para entender a vida
o menino precisou de poucos
poucos breves anos
para saber o que muitos
muitos nunca entenderão
mesmo vivendo dez décadas
quanto dura a vida
quanto é dura a vida
ceifeiros rondam na alvorada
a vida
delicada vida
desaparece em um sopro
em um suspiro
a vida dura o tempo exato
o suficiente
na brevidade da vida
aquele curto instante
foi suficiente para ser eterno
eterno na memória
na saudade
no aprendizado
domingo, 1 de novembro de 2015
renascer
não é ano novo
ainda é meados de agosto
mas há algo novo
há o novo neste mundo tão antigo
velho mundo
o que há de novidade?
o que há de novo se não a vida nova?
essa sementinha de vir-a-ser
bocejando em um ventre
há uma nova vida
um novo fôlego
novas batidas
inúmeras bagunças
e alguns degraus
há uma nova maneira de assistir TV
de ver o comercial da Pampers...
da Hipoglós...
da Jonson e jonson...
qual a cor dos olhos?
cabelos cacheados ou lisos?
negros, ruivos, loiros, castanhos...
quão belo vai ser?
quão esperto?
será o mais desejado
uma nova vida espera a alvorada
um novo nascer do Sol
é um desafio encontrar o mistério
é delicioso viver o mistério daquilo
daquilo que se pensou ser tão conhecido
desejo-lhe descobertas
anos novos
novos momentos
com a sementinha de vir-a-ser
ainda é meados de agosto
mas há algo novo
há o novo neste mundo tão antigo
velho mundo
o que há de novidade?
o que há de novo se não a vida nova?
essa sementinha de vir-a-ser
bocejando em um ventre
há uma nova vida
um novo fôlego
novas batidas
inúmeras bagunças
e alguns degraus
há uma nova maneira de assistir TV
de ver o comercial da Pampers...
da Hipoglós...
da Jonson e jonson...
qual a cor dos olhos?
cabelos cacheados ou lisos?
negros, ruivos, loiros, castanhos...
quão belo vai ser?
quão esperto?
será o mais desejado
uma nova vida espera a alvorada
um novo nascer do Sol
é um desafio encontrar o mistério
é delicioso viver o mistério daquilo
daquilo que se pensou ser tão conhecido
desejo-lhe descobertas
anos novos
novos momentos
com a sementinha de vir-a-ser
sábado, 24 de outubro de 2015
precipitou-se
precipitou-se
entregou-se ao insano
fugiu das anedotas
escreveu seus próprios versos
ao som de Iorc
coisa linda
caçou as mais felizes estrelas
postou no céu pensamentos
sem comentários
correu como um lunático
avistou as flores do asfalto
colheu algumas amarelas
fez um buquê
entregou a sua amada
se entregou
precipitou-se
fez se chuva
feroz como um gato
um gato de rua
caçou borboletas no jardim
nas entrelinhas
se escondeu
se perdeu
e assumiu seus pecados
um quindim amarelo
bromélias e lírios
encontrou-se
perto de uma esquina
onde a vida dobra
onde a vida repete
precipitou-se
sentiu um frio na barriga
os olhos fechou
os punhos serrou
e os dentes apertou
cresceu
ocorreu que não era tarde
devir
lhe empurrou novamente
decolou-o para baixo
precipitou-se
na renuncia
na busca
assumiu sua culpa
vestiu sua calça branca
foi recitar poemas no gramado
o ipê sorriu
o sol brilhou
precipitou-se
entregou-se ao insano
fugiu das anedotas
escreveu seus próprios versos
ao som de Iorc
coisa linda
caçou as mais felizes estrelas
postou no céu pensamentos
sem comentários
correu como um lunático
avistou as flores do asfalto
colheu algumas amarelas
fez um buquê
entregou a sua amada
se entregou
precipitou-se
fez se chuva
feroz como um gato
um gato de rua
caçou borboletas no jardim
nas entrelinhas
se escondeu
se perdeu
e assumiu seus pecados
um quindim amarelo
bromélias e lírios
encontrou-se
perto de uma esquina
onde a vida dobra
onde a vida repete
precipitou-se
sentiu um frio na barriga
os olhos fechou
os punhos serrou
e os dentes apertou
cresceu
ocorreu que não era tarde
devir
lhe empurrou novamente
decolou-o para baixo
precipitou-se
na renuncia
na busca
assumiu sua culpa
vestiu sua calça branca
foi recitar poemas no gramado
o ipê sorriu
o sol brilhou
precipitou-se
domingo, 18 de outubro de 2015
preta
preta
não faz assim
sei que não acabou
sua nuca
pede meu cavanhaque
suas pernas
as minhas mãos
preta
não fuja assim
pinta os lábios de vermelho
os olhos de preto
os óculos intelectuais
a saia curta
preta
onde está você?
a navalha corta meus punhos
suas palavras estão ausentes
seu cheiro bem distante
seu riso anoiteceu
preta
uso palavras descartáveis
mas as coisas que carrego
são profundas
como as filosofias
preta
não seja ingênua
eu não presto mesmo
nem quero que pense o contrário
mas nem tudo é bom no mundo
meus erros
são para compensar meus prazeres
preta
sou mais um na multidão
não faço nada espetacular
mas sei e você sabe
que nós juntos
somos a mais bela poesia
preta
fique um pouco mais
me dê um cheiro
fale do seu dia
escute minha estupidez
preta
traga seu sorriso
me embrulhe em seus lábios
me contorne com seus braços
balance seu quadril...
preta
me dê a mão
seja minha companheira
meus devaneios solitários
necessitam de um toque feminino
preta
se apronte rapidamente
logo passarei aí
iremos curtir a noite
seremos passageiros
do planeta embriagado
domingo, 11 de outubro de 2015
casinha
no final da tarde
vai à beira do brejo
os sapos coaxam
coaxam simplesmente
para impressionar as pretendentes
a suave brisa
abrasa o cansaço daquele
daquele que trabalhou o dia todo
o Sol se põe vagarosamente
sem pressa de anoitecer
as primeiras estrelas no céu
a lua ainda tímida
as galinhas se empoleiram
subindo no pé de manga
a mulher grita da varanda
chama o seu bem
arroz, feijão e frango
vinho bordô, como não?
o dia se encerra
as crianças já dormem
a onça vaga pela colina
a mulher aguarda com carinho
o sujeito de pijama
samba canção
a luz se apaga
e a história é novamente contada
os sonhos são elaborados
não precisa de relógio
o tempo pode ser desfrutado
sem ponteiros
os amantes
a mata
o orvalho da madrugada
a simplicidade
vai à beira do brejo
os sapos coaxam
coaxam simplesmente
para impressionar as pretendentes
a suave brisa
abrasa o cansaço daquele
daquele que trabalhou o dia todo
o Sol se põe vagarosamente
sem pressa de anoitecer
as primeiras estrelas no céu
a lua ainda tímida
as galinhas se empoleiram
subindo no pé de manga
a mulher grita da varanda
chama o seu bem
arroz, feijão e frango
vinho bordô, como não?
o dia se encerra
as crianças já dormem
a onça vaga pela colina
a mulher aguarda com carinho
o sujeito de pijama
samba canção
a luz se apaga
e a história é novamente contada
os sonhos são elaborados
não precisa de relógio
o tempo pode ser desfrutado
sem ponteiros
os amantes
a mata
o orvalho da madrugada
a simplicidade
quarta-feira, 7 de outubro de 2015
primavera
estava ali parado
com meus pensamentos a vagar,
não havia nada de
novo, nada de novo.
todas as pessoas
pareciam iguais
todas não me
pareciam...
até que surgiu o
espanto
uma moça de
cabelos ruivos
não que não
houvesse outras ruivas
outras moças
mas aquela moça
aqueles cabelos
ruivos...
ela não era igual,
apesar de ser
ela não sei o
quê...
ela tornou o dia
igual em um singular
como o entardecer
da primavera
assim que era ela
um jovem entardecer
rubra flor de primavera
domingo, 27 de setembro de 2015
kombi
uma kombi
uma kombi verde
verde com o teto azul
azul estrelado
estrelas que percorrem as ruas
que alegra a vida dos transeuntes
estrelas que brilham
brilham mesmo com a luz do dia
uma kombi
uma kombi vagarosa
contrariando o transito
impedindo a fluidez ansiosa
a velocidade dos utilitários
o teto azul estrelado
refletiu um sonho
um vagar da memória
um promover futuro
o teto estrelado
pensado
pensado para aqueles de fora
passageiros
passageiros fora da condução
a kombi leva
carrega três pessoas
girando sobre quatro rodas
a kombi voa
voa com meus pensamentos
pensamentos inebriantes
naquele céu estrelado
da kombi verde
respirei o entusiasmo da vagarosidade
desejei paz e amor
uma kombi verde
o teto azul estrelado
levou minha monotonia
quebrou a corrente
se tornou disco voador
uma kombi verde
verde com o teto azul
azul estrelado
estrelas que percorrem as ruas
que alegra a vida dos transeuntes
estrelas que brilham
brilham mesmo com a luz do dia
uma kombi
uma kombi vagarosa
contrariando o transito
impedindo a fluidez ansiosa
a velocidade dos utilitários
o teto azul estrelado
refletiu um sonho
um vagar da memória
um promover futuro
o teto estrelado
pensado
pensado para aqueles de fora
passageiros
passageiros fora da condução
a kombi leva
carrega três pessoas
girando sobre quatro rodas
a kombi voa
voa com meus pensamentos
pensamentos inebriantes
naquele céu estrelado
da kombi verde
respirei o entusiasmo da vagarosidade
desejei paz e amor
uma kombi verde
o teto azul estrelado
levou minha monotonia
quebrou a corrente
se tornou disco voador
disléxico
leio o mundo todo errado
as entrelinhas que desvendo
estão todas equivocadas
nas linhas não há nada
entre elas há apenas fantasias
tão cálido quanto cego
vejo coisas que não existem
leio palavras que não dizem
disléxico
o que faço eu
pobre poeta
diabo
se o mundo está em hebraico
de mãos atadas
não leio braile
não sinto o cheiro
bagunço meus pensamentos
enlouquecido
quando o mundo me for legível
temo não gostar do que lerei
a fantasia às vezes
nos guarda das calamidades do mundo
resistente
resistente e alienado
cego poeta
ainda caminha apalpando equívocos
as entrelinhas que desvendo
estão todas equivocadas
nas linhas não há nada
entre elas há apenas fantasias
tão cálido quanto cego
vejo coisas que não existem
leio palavras que não dizem
disléxico
o que faço eu
pobre poeta
diabo
se o mundo está em hebraico
de mãos atadas
não leio braile
não sinto o cheiro
bagunço meus pensamentos
enlouquecido
quando o mundo me for legível
temo não gostar do que lerei
a fantasia às vezes
nos guarda das calamidades do mundo
resistente
resistente e alienado
cego poeta
ainda caminha apalpando equívocos
náufragos
embarcarei agora
velejarei por mares desconhecidos
viajarei de acordo com a vontade dos ventos
vou atracar em terras misteriosas
nadar em praias cristalinas
dormir em sombras
água fresca
nas tempestades
nas tempestades entenderei
que nada é para sempre
a vida se vai com uma grande onda
passarei por náufragos
meus corações perdidos
partidos
um veleiro sobre o mar
névoas confiantes
inebriantes
vendavais em meu peito
estrelas no meu cabelo
tubarões piratas
navegarei pelo mundo todo
mas voltarei
voltarei
voltarei aqui
aqui encontrei alguém
por quem vale a pena regressar
de todos os mundos
de todos os mares
aqui ainda é o meu melhor pior lugar
velejarei por mares desconhecidos
viajarei de acordo com a vontade dos ventos
vou atracar em terras misteriosas
nadar em praias cristalinas
dormir em sombras
água fresca
nas tempestades
nas tempestades entenderei
que nada é para sempre
a vida se vai com uma grande onda
passarei por náufragos
meus corações perdidos
partidos
um veleiro sobre o mar
névoas confiantes
inebriantes
vendavais em meu peito
estrelas no meu cabelo
tubarões piratas
navegarei pelo mundo todo
mas voltarei
voltarei
voltarei aqui
aqui encontrei alguém
por quem vale a pena regressar
de todos os mundos
de todos os mares
aqui ainda é o meu melhor pior lugar
domingo, 20 de setembro de 2015
rosa
és rosa
vermelha rosa
rosa vermelha
cativas corações errantes
corações de realezas
príncipes
pequenos
cativas amores
és a rosa mais bela
mais bela que todas as outras
és única entre todas
pois nascera em meu planeta
lhe protegerei como puder
lhe amarei como for capaz
lhe deixarei viver
és rosa
és bela
és toda
és efêmera e louca
és passageira
és vida
és instante
vermelha rosa
rosa vermelha
cativas corações errantes
corações de realezas
príncipes
pequenos
cativas amores
és a rosa mais bela
mais bela que todas as outras
és única entre todas
pois nascera em meu planeta
lhe protegerei como puder
lhe amarei como for capaz
lhe deixarei viver
és rosa
és bela
és toda
és efêmera e louca
és passageira
és vida
és instante
onze
talvez seja tarde demais
jah passam das dez
ainda há o calor da tarde
ainda há o cheiro da morte do dia
sei que não sou mais
não sou mais que versos esquecidos
sei que não posso mais
viver poemas antigos
impossível não imaginar
e ainda petulante a sonhar
sonhar com seu riso
sei que jah é tarde
jah passam das dez
a noite quente quer esfriar
as estrelas correm feito crianças
sei que não sou mais
mais que versos inspirados
sei que não deveria
não deveria lhe fazer sonhar
mas ainda...
a cada vez que fujo
me aproximo
me aproximo...
o cursor piscando
e os meus dedos dedilhando
palavras que temo em enviar
jah é tarde
mas não quero dormir ainda
sei que talvez seja tarde
jah passam das dez
mas preciso gritar
gritar para a noite
sei que jah eh tarde
jah passam das dez
não espero nada novo
sei que a lua tem fazes
desde sempre...
quinta-feira, 17 de setembro de 2015
repetição
estou repetindo os mesmos erros
esbarrando nos mesmos medos
eu que acreditava ser criativo
vejo minhas criações como meras cópias
no mesmo quarto
relembrando o mesmo amor
escutando as mesmas músicas
relendo os mesmos versos
repetindo as palavras
escrevo cartas a ninguém
elaboro teses sem objetivos
costuro roupas que não usarei
calço sapatos sem ter para onde ir
traço estratégias para um mundo melhor
mas não saio deste mundo
amado mundo de mesmice
meus poemas idênticos
minha prosa
e pensamentos
pernas
pele morena
arrepiada com o vento frio
a saia acima das coxas
as pernas cruzadas...
as pernas da pequena
lançaram meus desejos
a vontade me devorava
alimentava minhas pulsões
aqueles pés pequenos
abraçaram meu corpo
entrelaçando nossas pernas
enraizando nossos corpos
toda volúpia de mulher
nas pernas de menina
a inocência de um abraço
a petulância de um sentido
arrepiada com o vento frio
a saia acima das coxas
as pernas cruzadas...
as pernas da pequena
lançaram meus desejos
a vontade me devorava
alimentava minhas pulsões
aqueles pés pequenos
abraçaram meu corpo
entrelaçando nossas pernas
enraizando nossos corpos
toda volúpia de mulher
nas pernas de menina
a inocência de um abraço
a petulância de um sentido
domingo, 13 de setembro de 2015
black
para onde foram seus cachos?
para onde foram os seus
cachos?
o que fizestes com eles?
eles que eram a salvação do universo
o devaneio mais perverso
meu desejo mais confesso...
o que fizestes com seus cachos?
eles que sempre foram belos
que envolviam meus sonhos
caracóis de seu corpo
como me prenderei
no seu emaranhado agora?
se os dedos que se prendiam
agora passam como pela água?
reivindico eles de volta
por que são belos
e nada mais
de fato não sei muito
não entendo de belo
mas...
do que acho belo
disso entendo
entendo bem
faça novamente
o seu eu mais black
vista seu vestido mais retrô
e vamos tomar um café
não ligue para a chuva
não fique preocupada
o black não sai na chuva
deixe a chuva molhar
a felicidade mora ali
naquele canto molhado
para onde foram os seus
cachos?
o que fizestes com eles?
eles que eram a salvação do universo
o devaneio mais perverso
meu desejo mais confesso...
o que fizestes com seus cachos?
eles que sempre foram belos
que envolviam meus sonhos
caracóis de seu corpo
como me prenderei
no seu emaranhado agora?
se os dedos que se prendiam
agora passam como pela água?
reivindico eles de volta
por que são belos
e nada mais
de fato não sei muito
não entendo de belo
mas...
do que acho belo
disso entendo
entendo bem
faça novamente
o seu eu mais black
vista seu vestido mais retrô
e vamos tomar um café
não ligue para a chuva
não fique preocupada
o black não sai na chuva
deixe a chuva molhar
a felicidade mora ali
naquele canto molhado
quarta-feira, 9 de setembro de 2015
cai
a chuva cai
cai
os pingos
os pingos precipitam
nada vai
nada vai chegar
ela não vai chegar
nem ficar
pois está chovendo
mas quando a chuva cai
quando ela cai
sinto mais saudade dela
e ela
ela não vem
quando a chuva cai
é noite
e a chuva cai
e quando é noite
sinto vontade dela
e me dói o peito
por saber
por saber que ela não virá
não virá
queria seus molhados cabelos
queria seu coração batendo
batendo em meu rosto
mas ela não vem
está chovendo
o que cai
cai
a saudade
na sala de estar
as lágrimas
na hora do jantar
pois é noite
há a chuva
e a ausência dela
cai
os pingos
os pingos precipitam
nada vai
nada vai chegar
ela não vai chegar
nem ficar
pois está chovendo
mas quando a chuva cai
quando ela cai
sinto mais saudade dela
e ela
ela não vem
quando a chuva cai
é noite
e a chuva cai
e quando é noite
sinto vontade dela
e me dói o peito
por saber
por saber que ela não virá
não virá
queria seus molhados cabelos
queria seu coração batendo
batendo em meu rosto
mas ela não vem
está chovendo
o que cai
cai
a saudade
na sala de estar
as lágrimas
na hora do jantar
pois é noite
há a chuva
e a ausência dela
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
garoto
poderia ter agora 83 anos...
ainda assim seria apenas garoto
um inexperiente
um desnecessário
garoto
perto de uma mulher...
não me sobra muito
o mistério do corpo
o encanto da alma
o perfume de florestas tropicais
calor e humidade
não me sobra muito
a não ser
ser
garoto
mãos e braços
beijos e abraços
eh o que nos torna
nos torna eternamente
garotos
na voz de Leoni
que nos faz acreditar
que nossa vivencia
foi musicada
não tenho tanta vida eu sei
qualquer um seria maior que eu
certamente se fosse
se fosse o mais forte dos homens
se fosse o mais rico dos reis
ainda assim
ainda assim me faria
me faria
garoto
garoto apenas
frente a uma mulher
mas não qualquer mulher
mulher
mulher pra mim
o que faz o garoto
se tudo o que precisa
tudo que almeja
tudo que deseja
está ali
na mulher
mulher
que o torna garoto
em qualquer circunstâncias
o que quer o garoto
se não gozar a mulher?
aproveitar cada pedacinho de bom
navegar cada arrepio na nuca
afagar cada cabelo
assoprar cada encantamento
não nos resta muito
não me resta nada
apenas ser
ser garoto
frente a mulher
a mulher amada
ainda assim seria apenas garoto
um inexperiente
um desnecessário
garoto
perto de uma mulher...
não me sobra muito
o mistério do corpo
o encanto da alma
o perfume de florestas tropicais
calor e humidade
não me sobra muito
a não ser
ser
garoto
mãos e braços
beijos e abraços
eh o que nos torna
nos torna eternamente
garotos
na voz de Leoni
que nos faz acreditar
que nossa vivencia
foi musicada
não tenho tanta vida eu sei
qualquer um seria maior que eu
certamente se fosse
se fosse o mais forte dos homens
se fosse o mais rico dos reis
ainda assim
ainda assim me faria
me faria
garoto
garoto apenas
frente a uma mulher
mas não qualquer mulher
mulher
mulher pra mim
o que faz o garoto
se tudo o que precisa
tudo que almeja
tudo que deseja
está ali
na mulher
mulher
que o torna garoto
em qualquer circunstâncias
o que quer o garoto
se não gozar a mulher?
aproveitar cada pedacinho de bom
navegar cada arrepio na nuca
afagar cada cabelo
assoprar cada encantamento
não nos resta muito
não me resta nada
apenas ser
ser garoto
frente a mulher
a mulher amada
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
ana
sua voz quase gemido
os acordes suavemente cadenciados
a poética da canção...
os óculos sobre o nariz
um ar de intelectualidade
os olhos fechados
provável entrega
o queixo quase quadrado
os lábios grossos
cor de rouge
um corpo quequeno
menina
nem há inteção
há simplicidade
há pureza
de movimentos
os acordes suavemente cadenciados
a poética da canção...
os óculos sobre o nariz
um ar de intelectualidade
os olhos fechados
provável entrega
o queixo quase quadrado
os lábios grossos
cor de rouge
um corpo quequeno
menina
nem há inteção
há simplicidade
há pureza
de movimentos
terça-feira, 11 de agosto de 2015
reticências
sou das longas conversas
das palavras lançadas
das ideias insanas...
sou do caminhar lento
do olhar distraído
da atenção flutuante...
sou dos pensamentos estranhos
do vinho bordô suave
dos desenhos em nuvens...
sou do pão com ovo
do tempo perdido
dos versos do Pessoa...
sou da gente simples
das duas rodas
dos dias chuvosos e frios...
sou das modas de viola
da poética das flores
de Marte...
sou da vontade de sorvete
da cidade interiorana
das músicas no fone de ouvido...
sou dos poemas incompletos
da falta de argumentos
da não citação...
sou das angustias
da observação de estrelas
da musica de Ana Paula Gomes...
sou do pôr do Sol
das lágrimas irracionais
das palavras incorretas...
sou das aberturas
das possibilidades
das reticências...
domingo, 9 de agosto de 2015
miragem
nossos olhares se cruzam
nossas almas se sorriem
nossos sonhos se iluminam
mas tu e toda beleza
se fecham
desaparecem
e o seu olhar se desprende do meu
seria um delírio
uma miragem
apenas uma vaga lembrança
um traço do que não foi
um vislumbre solitário
acreditei demasiado
achei que era em minha direção
mas estive equivocado
apaixonado por uma miragem
correspondido por um feitiço
tudo era nada
e aqueles que me enlouqueciam
nem repararam no meu olhar
os olhos que fitaram os meus
atravessaram minha alma
e não se deixaram sensibilizar
queria não ter sido afetado
cativado
queria que roubassem minha sanidade
mas agora retiro o véu da fantasia
da ilusão
respirar
e se o horizonte for longe demais...
e se os caminhos nunca mais se cruzarem...
e se as lembranças nos forem roubadas...
e se os sonhos forem deixados após o despertar...
ainda assim...
ainda assim haverá valido a pena
pelo simples fato do mundo girar
pela simples possibilidade do vivido
pela potencialidade de nossas almas
nossa transcendência
pela caminhada
pelas palavras jogadas fora
pelos afetos que nos saltaram aos olhos
pela capacidade de experienciar o belo
do gramado
dos jardins
das ruas madrugadeiras
das possibilidades
que ainda não foram perdidas
daquilo que virá
e se os caminhos nunca mais se cruzarem...
e se as lembranças nos forem roubadas...
e se os sonhos forem deixados após o despertar...
ainda assim...
ainda assim haverá valido a pena
pelo simples fato do mundo girar
pela simples possibilidade do vivido
pela potencialidade de nossas almas
nossa transcendência
pela caminhada
pelas palavras jogadas fora
pelos afetos que nos saltaram aos olhos
pela capacidade de experienciar o belo
do gramado
dos jardins
das ruas madrugadeiras
das possibilidades
que ainda não foram perdidas
daquilo que virá
querer
sabe o mar
o imenso e maravilhoso mar
o mar de ondas e nevoeiro
o mar da vida
pois no mar naveguei
naveguei por sonhos estranhos
por histórias insanas
naveguei
no meu barco
guiando o leme
vive meu querer
meu querer navegou
navegou pelo mar
e assim vaguei
vaguei o mundo
meu querer mudava de direção
houveram tempestades
dias de sol
ilhas
montanhas
e praias
no mar
no mar meu querer me fez menino
e menino quis muitas coisas
coisas que não se pode catalogar
quis nuvens
quis viagens
quis afetos
quis bobagens
meu querer
meu devastador querer
quis pessoas
algumas vezes houve paz
houve possibilidade
mas por muito
por pouco
poucas vezes
meu querer encontrou
encontrou-se com outro
outro querer
houve quem quisesse meu querer
houve querer que meu querer
que meu querer não quis
e houve querer que alegrou
alegrou meu querer
mas não o quis
o vento ainda sopra
as velas estão hasteadas
e meu querer
meu querer navega
navega em busca de outro
outro querer
outro querer que o queira
e que ele queira também
meu querer navega os mares
buscando um par
não precisa ser igual
em intensidade
ou quantidade
mas que haja querência
das duas partes
meu querer naufraga
meu querer emenda
meu querer flutua
meu querer quer o mar
meu querer quer amar
o imenso e maravilhoso mar
o mar de ondas e nevoeiro
o mar da vida
pois no mar naveguei
naveguei por sonhos estranhos
por histórias insanas
naveguei
no meu barco
guiando o leme
vive meu querer
meu querer navegou
navegou pelo mar
e assim vaguei
vaguei o mundo
meu querer mudava de direção
houveram tempestades
dias de sol
ilhas
montanhas
e praias
no mar
no mar meu querer me fez menino
e menino quis muitas coisas
coisas que não se pode catalogar
quis nuvens
quis viagens
quis afetos
quis bobagens
meu querer
meu devastador querer
quis pessoas
algumas vezes houve paz
houve possibilidade
mas por muito
por pouco
poucas vezes
meu querer encontrou
encontrou-se com outro
outro querer
houve quem quisesse meu querer
houve querer que meu querer
que meu querer não quis
e houve querer que alegrou
alegrou meu querer
mas não o quis
o vento ainda sopra
as velas estão hasteadas
e meu querer
meu querer navega
navega em busca de outro
outro querer
outro querer que o queira
e que ele queira também
meu querer navega os mares
buscando um par
não precisa ser igual
em intensidade
ou quantidade
mas que haja querência
das duas partes
meu querer naufraga
meu querer emenda
meu querer flutua
meu querer quer o mar
meu querer quer amar
sábado, 1 de agosto de 2015
colo
sabe menina
o que encanta o poeta
é a imagem
a imagem incompleta
como aqueles pontilhados
desenhos de criança
que devemos ligar os pontos
sabe aqueles racionais pontos
aqueles enumerados pontos
mas o poeta
o poeta menina
não é tão racional
e eu
menina
sou um poeta
projeto de poeta
e levo tempo
levo tempo para ligar
ligar os pontos
e construir alguma imagem
ah menina
pintei um quadro sabe
um quadro daquela imagem
imagem de noite fria
imagem de descoberta
sabe menina
ainda sou um qualquer
ainda sou garoto
estou aprendendo o beabah
abaixo daquela árvore
naquela fria noite curitibana
em uma calçada comum
velando o romance de dois amigos
matamos o tempo
cuidando do que não era nosso
não precisávamos de respostas
já lhe havia prometido não lutar
não forçar nada
mas...
um guerreiro é sempre guerreiro
lhe cobri com meu manto
para espantar o frio intenso
quem sabe ficasse mais um tempo
espanto meu
quando aceitou colo meu
penso que também se espantou em aceitar
mas...
o mundo às vezes é improvável
me fiz leito
para seu quase sono
seu entorpecer na madrugada
sabe menina
me contive demasiadamente
para manter a promessa de outrora
não lhe beijar naquela hora
foi das decisões mais difíceis
não queria estragar a lembrança
tive medo de arriscar
mas...
me valeu a inspiração
menina
despertaste meus instintos mais paternais
queria ser eu mais homem
para lhe tirar todas as dúvidas
queria eu ter tempo de lhe provar
provar que não há o que se dizer
que olhos de poeta
que versos
são mais que simples palavras
ah menina
sabes tu
que por algum momento desejei que o tempo
o precioso tempo
e o espaço
espaço por que não
se tornassem mais empáticos comigo
aquele tempo
aquele instante
que agora malogradamente
finco no tempo
não seja música
não seja verso
não seja outra
aproveite a vida
ouça um insano desvelado
aceite os versos
reversos
de um velho
moleque
das possibilidades do mundo
sabe lá se haverá nova noite
sabe lá se haverá outras inspirações
provavelmente nunca irei ver novamente
seus olhos
nem acariciarei seus cabelos
mas me dói admitir
que o sofrimento é inspirador
para nós dois
gostei de ti
nesta nave espacial
nesta noite especial
deitada em meu colo
envolta em meus braços
tão menina
desprotegida
entregue ao estranho
segura em meu quadro
o que encanta o poeta
é a imagem
a imagem incompleta
como aqueles pontilhados
desenhos de criança
que devemos ligar os pontos
sabe aqueles racionais pontos
aqueles enumerados pontos
mas o poeta
o poeta menina
não é tão racional
e eu
menina
sou um poeta
projeto de poeta
e levo tempo
levo tempo para ligar
ligar os pontos
e construir alguma imagem
ah menina
pintei um quadro sabe
um quadro daquela imagem
imagem de noite fria
imagem de descoberta
sabe menina
ainda sou um qualquer
ainda sou garoto
estou aprendendo o beabah
abaixo daquela árvore
naquela fria noite curitibana
em uma calçada comum
velando o romance de dois amigos
matamos o tempo
cuidando do que não era nosso
não precisávamos de respostas
já lhe havia prometido não lutar
não forçar nada
mas...
um guerreiro é sempre guerreiro
lhe cobri com meu manto
para espantar o frio intenso
quem sabe ficasse mais um tempo
espanto meu
quando aceitou colo meu
penso que também se espantou em aceitar
mas...
o mundo às vezes é improvável
me fiz leito
para seu quase sono
seu entorpecer na madrugada
sabe menina
me contive demasiadamente
para manter a promessa de outrora
não lhe beijar naquela hora
foi das decisões mais difíceis
não queria estragar a lembrança
tive medo de arriscar
mas...
me valeu a inspiração
menina
despertaste meus instintos mais paternais
queria ser eu mais homem
para lhe tirar todas as dúvidas
queria eu ter tempo de lhe provar
provar que não há o que se dizer
que olhos de poeta
que versos
são mais que simples palavras
ah menina
sabes tu
que por algum momento desejei que o tempo
o precioso tempo
e o espaço
espaço por que não
se tornassem mais empáticos comigo
aquele tempo
aquele instante
que agora malogradamente
finco no tempo
não seja música
não seja verso
não seja outra
aproveite a vida
ouça um insano desvelado
aceite os versos
reversos
de um velho
moleque
das possibilidades do mundo
sabe lá se haverá nova noite
sabe lá se haverá outras inspirações
provavelmente nunca irei ver novamente
seus olhos
nem acariciarei seus cabelos
mas me dói admitir
que o sofrimento é inspirador
para nós dois
gostei de ti
nesta nave espacial
nesta noite especial
deitada em meu colo
envolta em meus braços
tão menina
desprotegida
entregue ao estranho
segura em meu quadro
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