domingo, 24 de novembro de 2013

voo

quando os portões se fecharem
e os muros se tornarem altos como montanhas
abrirei minhas asas
e num instante
decolarei em delírios
em busca da nova liberdade

quando todos os caminhos
se dissolverem no chão
quando tudo não passar de miragem
me tornarei alado
e como pluma
flutuarei com o vento
sem destino
a um caminho
desconhecido

as asas me deram as nuvens
me deram o céu
me deram o voo

essas asas ainda me farão cair
e cairei
cairei com a certeza de ter feito
feito aquilo que era possível
impossível

não importa onde estou agora
não importa quem sou agora
saberei que minhas asas estão aí
e que a qualquer momento
poderei alçar voo novamente
 

3 comentários:

  1. Gosto da sua sensibilidade para escrever :) Bom, aí vai minha contribuição para a ciência hahaha Para mim, o poema diz sobre a nossa capacidade, a nossa possibilidade de imaginar e sonhar, como uma maneira de fugir da realidade, de nos libertar para um mundo só nosso, que nós criamos, do nosso jeito... Sonhar de olhos abertos, em nosso próprio delírio quando nos sentimos presos ou acorrentados. Penso que isso seja um privilégio e um refúgio que nos consola nos momentos difíceis e nos impulsiona a viver.

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  2. Antes de mais nada eu preciso dizer que adorei a poesia. Enquanto eu lia pensei em novas possibilidades de vida, em saber lidar com os imprevistos inventando novas formas de viver, não se preocupar com o que pode dar errado, mas encarar inclusive o erro (a queda e/ou imprevisto) como parte da caminhada e não como algo que nos faça parar. Foi esse o sentido que ela teve para mim. Abraços.

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  3. Grande Lucão..Bruno aqui meu amigo..
    O sentido que esse poema foi passando pra mim, foi de que mesmo que a vida vá nos impondo obstáculos e dificultando nossa caminhada, dependendo de como eu encaro esses obstáculos, eles não serão um problema. Fui entendendo que a maneira como se encara as coisas pode mudar todo o rumo que damos à nossa vida, e então um obstáculo pode servir para nos mostrar a possibilidade de um caminho que ainda não havíamos cogitado. Porém, mesmo diante dessas possibilidades que surgem quando dou um sentido positivo àquilo que vivo, poderei ainda assim passar por problemas, e me deparar com outros obstáculos que minhas asas não foram capaz de superar. Mas é isso, a ideia que me passou, é que devo estar feliz por ter feito minha parte, e ter tentado, mesmo que as vezes sem muito sucesso, dar um novo rumo para a vida e abandonar a zona de comodidade não é algo fácil. Mas, devo ter a consciência que serão necessárias muitas quedas para que minhas asas atinjam sua perfeita condição de voo, até se deparar com um obstáculo que exigirá que se aperfeiçoe mais e mais. É então, uma constante transformação, onde o que posso utilizar hoje para minha felicidade, pode não ser útil amanhã ou depois.
    Abraço Lucão, belo poema.

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