domingo, 27 de setembro de 2015

disléxico

leio o mundo todo errado
as entrelinhas que desvendo
estão todas equivocadas
nas linhas não há nada
entre elas há apenas fantasias

tão cálido quanto cego
vejo coisas que não existem
leio palavras que não dizem
disléxico

o que faço eu
pobre poeta
diabo
se o mundo está em hebraico

de mãos atadas
não leio braile
não sinto o cheiro
bagunço meus pensamentos
enlouquecido

quando o mundo me for legível
temo não gostar do que lerei
a fantasia às vezes
nos guarda das calamidades do mundo
resistente
resistente e alienado
cego poeta
ainda caminha apalpando equívocos

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