Seguindo a vida cotidiana.
Trabalhando, estudando, viajando...
Passando por uma praça.
Praça pública.
A vejo tomando sorvete.
É tarde num dia típico de verão,
dia quente, abafado,
o suor escorre em minha testa.
Vejo ela ali sentada,
com sua taça de sorvete,
numa mesinha da sorveteria,
disposta ali na praça.
Está calor,
o sorvete derrete.
Derrete e deslisa sobre os lábios da morena.
Foi o bastante para aumentar o interesse.
Ela está ali sentada,
com sua bolsa e alguns livros,
provavelmente uma pausa num dia quente.
Está decidido!
Entro na sorveteria.
Uma taça... duas bolas.
Duas que é pra ela não pensar que como demais.
Está quente... limão e maracujá.
Cobertura?
Sem cobertura.
Me sento em frente à mesa dela.
Tenho pouco tempo.
Já está acabando seu sorvete.
Tento descobrir qual livro está lendo.
Não consigo.
Penso em possibilidades de assunto.
É claro!
O calor!
Clichê.
Bom...
Penso no sorvete então.
Qual sabor ela gosta?
O tempo se incurtece.
Trocamos olhares...
Nesta hora decido se aposto.
Se aposto todo o meu flerte,
e chego nela.
Com o risco de perder.
De perder todas as espectativas,
todos os sonhos que sonhei até agora.
Devo arriscar?
Ao menos o telefone...
ou o e-mail quem sabe...
-Com licença?
-Por acaso você se chama Ana?
-Não?
-Se parece muito com uma amiga minha Ana...
-Na verdade Ana se sentava na primeira carteira da sala e nunca conversou comigo.
-Mas foi o que me veio à cabeça.
-Qual é o seu nome?
-Muito bonito...
-Prazer em conhecer.
-Será que poderíamos sair qualquer dia desses?
-Nos conhecer?
Neste instante ela me deu seu telefone.
Me deu um beijo no rosto,
pagou a conta e se foi.
Na mesma noite liguei pra ela.
...número inexistente.
Inesistente?
Será que tudo aquilo inexistiu?
Foi uma aposta.
Aposta que ganhei.
Ganhei e quando fui retirar o prêmio...
o bilhete estava errado.
É o risco que se corre.
É uma aposta.
Fui mais três vezes na sorveteria.
Nunca mais a vi.
quem sabe outro dia,
quem sabe outro número,
quem sabe outro flerte,
quem sabe outra aposta...
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