quarta-feira, 2 de novembro de 2016

ódio

mesmo que eu lhe mate
mesmo que você me mate
o ódio que há em mim
o ódio que há em você
continuará vivo
ardendo e ferindo o peito
o tempo vai passar
muita coisa vai acontecer
a cicatriz irá lembrar
o momento de cólera e cegueira
mesmo que você termine com o meu ser
mesmo que meu corpo seja coberto com terra
minha alma irá vagar pelo mundo
seu rancor sobre mim
sua vontade de vingança
nunca será completa
seu ódio continuará aí
pois não sou eu quem você odeia
sou apenas um objeto de investimento
o seu ódio não é por mim
mas sim por aquilo que lhe represento
e represento apenas algo indesejável
indesejável em ti
só deixará de sentir
de sentir o ódio em seu peito
no momento em que suportar
suportar a ideia de que somos diferentes
e sim
irá matar
matar ou compreender
aquilo que em você gera tanta dor
aquilo que é impossível ser visto
ser visto em ti
a não ser
a não ser refletido em mim
quando der sentido a isso
quando a metáfora chegar a uma imagem
quando a lagarta tornar-se borboleta
seremos libertos
eu e tu
meu ódio
teu ódio
em mim
em ti

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