terça-feira, 25 de outubro de 2016

frieza

desejos se esbarram na cidade grande
olhares se cruzam sem se ver
a frieza das marquises reflete os corações
nos mercados, nas farmácias só se fazem compras
luzes e pétalas
sonos comprimidos
as manchas nas calçadas
as lápides nas esquinas
os afetos não se tocam
apaixonados por uma foto quadrada
vários filtros e esquemas
lábios que não falam
vozes desalmadas lançadas ao vento
toda nudez nas pontas dos dedos
deslizantes na superfície plana
flertes e desagrado
descartáveis
não há perfume nos cabelos
não há o beijo no pescoço
trocam-se likes
não tocam-se
palavras são somente palavras
o respirar quente e úmido é distante
distante demais para ser sentido
as pupilas não dilatam
a luz vem do cristal líquido
as velas foram esquecidas
o vinho é apenas adorno de enquadramentos perfeitos
curtidas incessantes nas caras e bocas invisíveis 
não há tempo para sonhos
não há espaço para fantasias
o que não representa o desejado
é lançado para o lado esquerdo

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