domingo, 29 de setembro de 2013

perdido

perdi o conforto
a calmaria de um ventre
para ganhar a vida mundana

perdi o medo de chorar
a posição de quem só espera
para ganhar um pouco de leite

perdi meu poder de rei
quando tinha o mundo aos meus pés
para investir em outros objetos

perdi a leveza da ignorância
a inocência de não conhecer
para me aventurar no mundo do saber

perdi a calma perfeita
a mansidão das águas rasas
para explodir a fúria recalcada

perdi o sonho de felicidade
me amargurando em algumas angustias
para poder me sentir feliz novamente

perdi a rigidez
o apoio da razão inabalável
para me jogar nas incertezas

perdi a identidade
a forma de me ver
para experimentar outros eus

perdi a paciência
o otimismo de um futuro bom
para lutar neste presente

perdi o encanto nela
a cega paixão
para vê-la como uma simples mulher

perdi o compromisso
a obsessão pelo trabalho
para me dedicar ao ócio

perdi a censura
a vergonha de me expressar
para transformar a vida em versos

perdi a vida
uma constância de instantes
para passar para o outro lado

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