domingo, 1 de setembro de 2013

nuvens

quando quis ver as nuvens
subiu em seu cavalo branco
pelas colinas verdejantes
correu como vento
chegou onde o céu encontra a terra
e no horizonte levantou os braços

segurando as nuvens na ponta dos dedos
inventou formas que combinassem com sua dor
não havia diferença
céu, terra e ar
nem aquilo que não pudesse imaginar

tocando as nuvens despertou a chuva
a fluidez da água transformou
o que era representação de dor
se fez lágrimas
o pranto escorreu em seu rosto
não havia nada com que se importar
o choro
incontrolável expressão

mesmo sem entender
ele viu suas nuvens se desfazendo
sabia que por algum tempo estariam ausentes
mas que voltariam em seguida
em novas formas
em novas construções

o céu se tornara azul
e o contato com suas nuvens não podia ser mais feito
entendeu que era hora de voltar
em paz consigo mesmo
instantaneamente
cavalgou até a volta
acompanhando o azul do céu

quando chegou já era noite
as estrelas podiam ser vistas
pôde conhecer um pouco mais de si
sabia que as nuvens retornariam
mas o momento era de vislumbre
via o homem carregado de sonhos
o céu carregado de estrelas
e isso lhe trazia uma certeza
o céu se transforma
e ele também

mesmo parecendo estático
céu e terra
a transformação sempre acontece
o céu já é outro
a terra é nova agora
e ele
o homem que vaga
não para com o tempo
é luz e escuridão
é esgotado
e imensidão
possivelmente o impossível

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