domingo, 4 de agosto de 2013

libertária

jogou as sementes pelo chão
esperou a chuva farta do verão
rezou para que as nuvéns o presenteassem
e dos céus águas precipitassem

brotou como quem nasce na rocha
incerta, mas firme, desabrocha
criou raizes num solo estranho
e daquela montanha fez seu ninho

queria despencar várias vezes
por suas raizes renunciou a muitos prazeres
fugiu da vida para poupá-la
se fechou sem poder vivê-la

quando muitos disseram: não
sua vontade prevaleceu
e onde era só escuridão
com sua luz ela venceu

agora em busca de algo inédito
gastando todo seu crédito
se rompe da rocha firme
podendo cometer seu maior crime

quando a paisagem vista não lhe bastou
uma nova visão buscou
jogando-se num precipício
fez da aventura seu ofício

trocou as vestes de nuvéns brancas
pela água de um ribeirão
às vezes chora pelas lembranças
mas se consola com a nova provisão

hoje navega livremente
sem ter qualquer problema em mente
deixando o curso do rio a levar
para a imensidão do mar

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