adentramos na vida como todas as outras coisas
passageiros de um trem sem trilhos
colocamos nossos passos à venda
obrigados à fazer coisas que não queremos
uma porta se abre e adentramos no vagão
por que entramos, não sabemos
talvez por que muitos entraram
permanecemos lá por um tempo
daí alguém nos joga para fora
novamente somos obrigados a fazer novas escolhas
uma nova porta se abre...
num momento nos acostumamos
aquela coisa indesejável
se torna nosso único ponto de apoio
até que algo acontece e nos põe no chão
estamos novamente andando na multidão
todos vão
todos vem
alguns com pressa
outros nem pensam nas horas
mas passamos por estações que não planejamos
seguimos trajetos que nunca imaginamos
seguimos, apenas
somos passageiros
passageiros de um trem que nos leva
nos leva sem nos perguntar onde queremos ir
pensamos estar no controle às vezes
mas os trilhos são fixos
não podemos vê-los
mas o caminho a percorrer
está cravado no chão
e a ele estamos presos
tentamos por vezes sair
colocar a cabeça para fora da janela
mas ainda continuamos na serpente de aço
num sonho quem sabe
num flutuar longínquo
as coisas saiam do lugar
e nasça a possibilidade
de nos desprender
e a gente consiga vagar
vagar como vagões sem sentido
sem destino
sem trilhos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário