sexta-feira, 15 de abril de 2016

voz

quando ela fala o mar se acalma
a lua inspira
a rua envaidece

enquanto fala
saliva
um salivar de desejo
devorativo
como quem vê um banquete
quando o amor toca os lábios
e a barriga pressente o prazer

a voz rouca
o assunto pouco importa
os olhos enevoados
meu pensamento perseguindo
perseguindo o fio da meada
pra se acaso ela perguntar algo
eu ao menos possa repetir
repetir a última palavra

sabe quando fechamos os olhos
nos acalmamos
estabilizamos a respiração
nos desconectamos do mundo
para poder nos focar em algo
um único elemento mundano...
a voz amada

por ela naveguei o universo
por ela me fiz mudo
por ela sorri sem precisar

o encantamento da sereia
um discurso perfeito
não havia ideias nas palavras
haviam minhas ideias
minhas palavras
e a imagem dela
um paraíso sonoro

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