se soubesse que amanhã morria
e a primavera fosse depois de amanhã
morreria contente
as flores
as flores
desabroxam
mesmo eu não estando aqui
mesmo que eu não as veja
mesmo que eu esteja morto
na primavera
a vida vive
mesmo se minha morte existir
minha inexistência
não para o mundo
mundo que acaba para mim
não termina egoicamente
o mundo vive
mesmo que eu não viva
nele não mais
os sorrisos sorriem
as plantas verdejam
os ventos velejam
os beijos se beijam
tudo se faz
como sempre foi
e como ainda será
o trem continua
mesmo sem nenhum passageiro
fica mais vazio
mas parece não se importar tanto
me dê permissão
para gozar da minha partida
para me alegrar com a derrota
e triunfar sobre a passagem
pois a alegria que me dá
ainda há valor positivo
na maior negatividade do mundo
há quem diga
que o mundo gira
e quem sou eu
para desdizer
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