terça-feira, 24 de março de 2015

qualquer

escrevi em meu caderninho
alguns versos pra eu não esquecer
pra eu poder lembrar
daquilo que num insite me apareceu
sei que não foi muito
nem tão lindo
mas deveria lembrar
por algum instante me pareceu importante

sei que não sei escrever
sei também que minha letra é horrivel
mas o que vale
o que vale é a intenção
e aqui
aqui há milhões delas
milhões de segundas
segundas intenções

sei que não sou poeta
sei que ainda quero dizer o que digo
sei que estou a serviço
à serviço da linguagem
não sei de nada
verdade
mesmo que pareça
ainda flutuo na névoa
ainda me capturo em loucuras
devaneios

queria fazer algo
queria escrever algo
então anotei
anotei a vontade de escrever
neste meu caderninho
essas linhas azuis
esse papel amarelado

não produzi nada esta noite
a noite estava estrelada demais
não pude pensar em nada
apenas ouvi as estrelas
e as estrelas
as estrelas não me disseram nada
apenas sugeriram
sugeriram que o silêncio
o silêncio é a mais tenebrosa palavra

nestas voltas
voltas que naveguei
nas nuvens que não anotei
no luar que não retratei
nas estrelas que não olhei
deixei alguns versos
versos num papel
sem fundamento
sem sentido
devaguei
como um qualquer

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